sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Até logo

Rafaela Kley

No caminho para a Vila Brás, eu, Lilian Stein e Daniela Fanti começamos a pensar o que poderíamos fazer de diferente nesta edição do Enfoque, afinal, a proposta era que nós fossemos pautadas por pessoas da comunidade. E porque não trabalhar com crianças? Fazer com que elas pensassem nas pautas, apurassem os fatos e redigissem a matéria? Uma proposta muito arriscada, mas que poderia dar certo.

Passamos a caminhar pelas ruas da Vila Brás à procura de crianças que pudessem participar deste desafio. Eu, sinceramente, pouco acreditava que daquele grupo de seis crianças selecionadas poderia ser encontrado um potencial, uma surpresa. Quando não acreditamos no sucesso de algo ou podemos confirmar nossas expectativas, ou podemos nos encanta, certo? Certo. E eu me encantei.

Em nossa reunião de pauta não foi preciso suplicar para as crianças que elas falassem o que gostariam de ler no Enfoque Vila Brás, dificuldade que eu encontrei nas outras visitas quando perguntava para as pessoas da comunidade que não sabiam responder o que elas achavam que poderia virar matéria. Em poucos segundos a pequena e surpreendente Nathália Luana de Souza Lopes sugeriu: “A gente podia fazer uma matéria sobre as pichações na escola”. Uma bela pauta. Juntamente com a coleguinha Miriam da Conceição Novaes, Nathália saiu pelo pátio da escola para conversar com a diretora da Escola e outras fontes.

As alunas tiveram a minha ajuda, claro. Conversei com as fontes, dei sugestões de perguntas. A pauta estava apurada. Restava sentar para redigir o texto. Alcancei para as jovens repórteres meu caderno junto com uma caneta. Fui primeiramente retomando com elas tudo de informação que nós tínhamos. E em poucos minutos a caneta estava nas mãos de Nathália que escrevia com uma incrível facilidade as informações. Em poucos momentos eu tive que intervir para ajudar na ortografia de uma palavra, ou então para sugerir uma forma diferente de se expressar.

Foram mais ou menos mil caracteres de matéria que poderá ser prestigiada na próxima edição do Enfoque Vila Brás. Miriam e Nathália, entretanto, não viram sua tarefa terminar no ponto final de seu texto. Este é o encanto da infância. As crianças possuem sonhos e querem realizá-los. Não são como nós, “os maiores”, que desistem dos sonhos, na maioria das vezes, quando se percebe que muita coisa vai ter que ser feita. Essas jovens estudantes querem, a partir dessa matéria, instituir na escola uma campanha de conscientização dos alunos para que as pichações deixem de ser uma questão do cotidiano.

Minha primeira visita na Brás foi gratificante, pois fiz uma matéria de serviço, dando voz a muitas pessoas que vivem na escuridão. A segunda matéria foi extremamente inédita para mim e muito divertida, a matéria dos gansos. Agora, fecho com chave de ouro a minha passagem pelo Jornal Enfoque Vila Brás, tendo a certeza do quanto o Jornalismo se encaixa no meu dia a dia. Não vou dizer adeus para a Vila Brás, pois espero que um dia eu volte lá, nem que seja de passagem. Aos alunos de Jornalismo que estão receosos em fazer essa cadeira de Redação Experimental em Jornal só tenho a dizer que a façam, sem medos e sem preconceitos. O que fica são a experiência, a vivência e a saudade. Vila Brás, o meu “até logo”.

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