terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um jeito simples de fazer a diferença

Cecília Medeiros
            Depois de muito ouvir falar da Vila Brás, chegou a hora de ir verificar de perto este lugar e fazer minha pauta para o Enfoque Vila Brás. Um bairro simples, de gente simpática e pronta a nos atender, até aparece que somos íntimos de tanto a comunidade ter se acostumado com alunos da Unisinos, contando sobre a Vila no Jornal.
            Não foi difícil sair de lá com minha matéria, logo de cara encontrei um grupo de senhoras tendo aulas de artesanato em tecidos, faziam fuxico e com muita animação criavam suas flores que aos poucos iam decorando e tomando forma em diversas peças artesanais.
            Para minha surpresa e curiosidade o curso é oferecido pelo posto de saúde da comunidade. De uma forma singela e gerando renda para essas donas de casa, o posto agrega informações de saúde, educação e higiene a essa s famílias.
            Mulheres estas que aos poucos forma recuperando sua auto-estima através do trabalho ali realizado. Uma idéia simples que trouxe muita alegria ao rosto de cada mulher que ali aprendia. Elas me contavam que além de superar a depressão que tinham algum tempo atrás, agora podem ajudar na renda familiar.
             Diante disso, esta com certeza seria minha pauta para o Enfoque.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

De repente, Vila Brás

Adriano de Carvalho

Pois então. Devo dizer que superar a inércia que a manhã de um sábado impõe não é algo simples. Entretanto, é deveras compensador.

Ainda na @unisinos, ao aguardar no lado de fora do ônibus junto ao @luaniglesias me dei conta de que, embora eu já tivesse uma experiência de produção de conteúdo no local, não tinha muita ideia de qual pauta eu poderia buscar na Brás.

Chegando lá, lembro que a profusão de fios elétricos, a primeira vista desarrumados, me sugeria o que eu deveria apurar. Ao acompanhar os colegas @eduardoherrmann e @robsession na exploração do lugar, me deparei com as novas casas no loteamento Brás 03, que foram entregues aos moradores deslocados por conta das obras de ampliação do Trensurb.

Ali, ouvi relatos de residentes sobre os efeitos da mudança em seus cotidianos e acabei por descobrir um problema que os atormenta: a falta de iluminação pública no local.

Os desenlaces desta história estarão no Jornal Enfoque Vila Brás - edição 123. Até lá.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vamos a La Brás Oh!Oh!Oh! Oh!Oh!

Simone Núñez Reis

Naquela manhã ensolarada e uma TPM do cão, saltei do edredon e dirigí até a Unisinos. A serotonina começava a percorrer meu cérebro após o primeiro gole de café. Mais animada, abrí um livreto de mantras pensando: “Vou para a Brás com um olhar ingênuo, capaz de me surpreender com um simples inseto.”


Na saída do ônibus, estudantes entrando apressadamente no ônibus sob o check-in do Mestre Veras parecendo um personagem dos quadrinhos do “Recruta Zero”.

_Enfant Simone, Acorda! Mais parecia uma Panda com aquele rímel esfumaçado nas olheiras. _Haja rebeldia!

Durante o trajeto, fluíram alguns livres pensamentos afinando corpo, mente e olhar.

Troquei algumas idéias com o Mestre Veras sobre fazer uma matéria cartográfica da comunidade brasuca, com direito a infográficos e tudo.

Ao chegar, o colorido das casas pareceu o porteño “La Boca”, foi ótima a impressão. Descí disposta a encontrar um terreiro de umbanda com foco de interesse sobre papel social e espaço da crença afro na comunidade.

Seguindo orientações dos moradores, caminhei umas dez quadras até encontra na Rua 6, o primeiro terreiro de portas fechadas, onde chamei várias vezes por “Pai Alex” mas ninguém atendeu.

Solicitei informações da vizinha, Sra Caren e seu esposo Sr Alexandre que se queixaram do barulho das músicas do terreiro.

O casal, indicou outro terreiro de umbanda da Mãe-Rosa, próximo dalí na Rua 14 Bis, número 808.

Recebida pela filha biológica de Mãe-Rosa no portão, fui convidada para entrar e assim que apertamos as mãos, a IaIorixá me leva até a cozinha para conversar antes da entrevista. Em certos instantes, senti perfume de rosas, mas não avistei roseira ou vaso de flores.

Carismática, a mãe-de-santo se mostrou atenta às indagações e quando questionada sobre as oferendas feitas com animais, explicou que o termo correto é “corte” ao invés de “sacrifício”.

Mãe-Rosa demonstra exercer liderança positiva na comunidade, ao amparar pessoas com depressão, AIDS e câncer. Ao buscar o fotógrafo, ela se ofereceu para ler o baralho cigano para mim. Daqui por diante é top secret, mas reconheço que ela revelou coisas interessantes sobre minha vida. Axé!

Acho que já vi esse lugar

Roberto Ferrari

Minha história com a Vila Brás começou antes da primeira visita com os colegas de aula. No início do ano, por acidente, adentrei o local com um amigo, num erro de caminho ao tentar fazer um retorno pela BR-116. Como éramos cabeçudos, ao invés de voltar, seguimos por uma rua asfaltada.

O que encontramos foi um local muito interessante. Como moro numa cidade pequena, ver que um bairro (pensei que fosse) tão movimentado, com um comércio tão atuante, me despertou atenção. Como tínhamos pressa, não deu pra se informar que lugar era este. Apenas pedimos para um senhor que andava de bicicleta a saída para podermos retornar à rodovia.

E qual foi a minha expressão ao ver que aquele local que passei no início do ano era o local onde faria matérias para a disciplina de Redação Experimental em Jornal? Aproveitei pra passear pelas ruelas e descobrir o que ainda não tinha visto. Como a Brás é grande, espero explorar novos locais na nova visita. Não posso ignorar que alguma força – talvez o destino – me faça ansiar pelo que ainda vou descobrir. Veremos.

Impressões sobre a vila

Liane Rodrigues


A impressão que tive da visita à famosa Vila Brás, local aonde se desenvolve o jornal impresso da cadeira de redação experimental foi nelhor do que que pensava. Digo famosa porque há alguns semestres a tal atividade jornalística dá o que falar pelos corredores e salas de aula do Centro 3, da Unisinos. Ao chegar na Brás confesso que encontrei muitas histórias que poderiam se tornar boas pautas para meu trabalho, no entanto, teria que achar entre tantas, algo que me instigasse.

Na avenida principal me deparei com um comércio de mil e uma utilidades, como diria o velho ditado marqueteiro, em que um jovem sorridente trabalha como gente grande. O negócio que passou de avó para o pai e do pai futuramente passará para o filho denominei, negócio de família. Chama-se Bazar Lôlô, lugar que vende mais do que objetos e presentes, mas que faz parte do sonho de Cícero Silva.

No decorrer da entrevista percebi que existe grande perspectiva por parte jovem em dar continuidade ao comércio que é a fonte de renda da família Silva. É mais um exemplo de como muitos jovens seguem suas vidas nas periferias brasileiras, dividindo seu pouco tempo entre escola e trabalho.

Visita a Vila Brás

Luciano Nunes

Todos os alunos da cadeira de Redação Experimental para Jornal, foram visitar a Vila Brás, no sábado (21/08).

Devo confessar que a proposta de simplesmente “largar” os alunos, para que cada um escolhesse uma pauta, no meio de um lugar desconhecido, no começo me assustou um pouco.

Porém ao caminhar pelo local, nós estudantes conseguimos sentir exatamente as dificuldades encaradas diariamente por um profissional desta área.

O desafio de escolher uma fonte, sem nada programado antes, foi uma das dificuldades que consegui superar, durante a aula.

Abordar pessoas, conhecer histórias novas e o simples fato de pedir uma informação, foram obstáculos que consegui superar com louvor.

Durante o tempo em que caminhei pela rua, percebi cartazes, avisando sobre uma festa junina que estava acontecendo naquele sábado. Imediatamente procurei a escola, onde estava acontecendo a celebração.

No local, fui muito bem recebido pela diretora da instituição educacional. Durante uma rápida conversa, comecei a questionar sobre o objetivo da festa. A diretora me disse que a festa era organizada para arrecadar fundos, pois o colégio estava passando por dificuldades financeiras. Focando neste assunto, questionei sobre as verbas destinadas para a escola, e o que seria feito com o dinheiro arrecadado no dia. Depois de recolher as informações, procurei um fotógrafo, fui rapidamente atendido e encerrei minha coleta de dados.

À espera da segunda impressão

André Ávila

Quando nos propomos a ir a algum lugar diferente de onde normalmente buscamos nossas pautas nos deparamos com possibilidades novas que, somente, podemos encontrar quando saímos do óbvio, do mais fácil e da nossa zona de conforto. A Vila Brás tem um pouco disso. Primeiramente porque imaginamos uma coisa, um lugar que remete ao nome ‘vila’. Na seqüência, encontramos outra, diferente: há interesse dos moradores em conversar com os alunos, existe também uma curiosidade em ver sua fala ser transformada na matéria que virá em seguida, na próxima edição do jornal Enfoque.

Como a situação em que vivem não é a melhor de todas, nem mesmo é a escolha de cada morador – a maioria vive da maneira em que pode viver -, é muito fácil ouvir as reclamações, sugestões e dramas da comunidade. Vemos aí uma boa oportunidade de fazer algo que possa contribuir, de alguma maneira, às pessoas que acabamos conhecendo em uma manhã.

Se nossas matérias servirão como espelho que dá orgulho ao morador que se vê representado nas páginas, ou se servirá como partida de uma mudança que possa ocorrer para melhorar a estrutura da comunidade ou, ainda, se não alcançará nada disso, não sabemos. Mas o exercício de sair em busca de outra história ajuda a encontrar outras maneiras de construir as próximas edições, quando não estaremos mais preocupados em estar – ou não – nessa zona de conforto.

Primeira impressão da Vila Brás

Rogério Bernardes

Quando ouvimos falar em vila, logo vem a cabeça coisas ruins, como: assalto, prostituição infantil, esgoto a céu aberto, enfim, quase tudo que há de ruim em uma socidade.

Logo que cheguei à Vila Brás, notei que de “vila”, o local só leva o nome. Rua asfaltada, comércios bem estruturados, pessoas bem vestidas, claro, um lugar simples, aonde o comércio vai “levando a vida”, dentro de sua realidade, onde é possível encontrar um xis salada, por apenas R$ 3,00, ou então descobrir um senhor que percorre o Brasil vendendo copos para bares, restaurantes e eventos, tudo feito ali, na Vila Brás.

Se a primeira impressão é a que fica, posso dizer que gostei do que vi e já deixo agendada minha segunda visita para o final de setembro. Até lá, Vila Brás.

A rua principal

Rodrigo Rodrigues

Não conhecia a Vila Brás e à primeira vista gostei do clima da comunidade. A movimentada Rua Leopoldo Wasun, coração da Brás, contrasta com as ruas adjacentes. Nelas não há o movimento de carros incessante da rua principal, ali se prega o silêncio com famílias reunidas sob o sol da manhã de um sábado tranquilo. Como velho e bom costume dos gaúchos, o chimarrão à mão e a prosa correndo solta.

Isso não faz da Leopoldo Wasun um logradouro tumultuado e em razão disso ruim. Como disse, a rua é o coração da comunidade. Pulsante com o movimento de veículos, bicicletas e o andar dos moradores. Chegando, saindo, passeando ou indo às compras nos diversos estabelecimentos comerciais (mercado, açougue, ferragens, entre outros).

Talvez por monopolizar o ambiente da Vila Brás, é que prestei atenção na Leopoldo Wasun e constatei a importância que representa à comunidade. É nesta rua que passam as poucas linhas de ônibus e somente nela. É nesta rua que todos dependem para chegar e sair da Vila Brás. Tudo gira em torno dela.

Impressões Vila Brás

Caroline Raupp

Chegamos na Vila Brás num belo dia de sol, que dava um tom simpático e tranqüilo a famosa vila, muito diferente do pré-conceito que eu tinha sobre o lugar. A palavra “vila” nos remete normalmente a algo ruim, mas na Brás acredito que o mal está nos olhos de quem vê. Os moradores gostam de viver lá, de trabalhar lá e se preocupam com os problemas que dificultam o crescimento da vila, exigindo providências da prefeitura e da associação de moradores.

Não há dúvidas que o enfoque já faz parte da vida dos moradores da vila, todos muito solícitos e dispostos a contar a sua versão de qualquer história. Mas basta avançar um pouco pelas ruelas para ver que nem tudo são flores e que aquela gente passa por muitas dificuldades. Só aí se percebe como é importante fazer um jornal, mesmo que experimental, para falar sobre a realidade dessa grande comunidade.

Impressões sobre a vila

Vanessa Lopes

Minha visita na Vila Brás me possibilitou conhecer a realidade de uma Vila que possui pessoas nem tão pobres e algumas bem pobres. Uma realidade de classe social que a cada saída de carro por aí nos possibilidade ver bem essas realidades. Dei uma volta de carro pela Vila Brás para conhecer a Vila, ela está crescendo e ficando bem bonita. As casas ajeitadinhas, muitos mercadinhos, farmácias, igrejas e até mesmo um posto de saúde. E um posto muito bem estruturado que da de 10 a 0 e muitos postos em bairros mais estruturados.

As pessoas são bem receptivas e ficam te observando a todo instante. Depois eles logo se socializam e já não param de contar histórias. Eu já tinha ido a outras vilas, mas, nunca com aquele propósito de descobrir alguma coisa de interessante dentro dela. Isso foi bem difícil, mas, depois me acalmei e consegui realizar minha matéria.

A "temida" Vila Brás

Roberta Roth

Pelos corredores da faculdade tudo que ouvia eram reclamações quanto as idas à Vila Brás. Todo mundo de mau humor já na sexta feira pensando no dia seguinte. Isso me fez formar uma imagem de que o lugar era monstruoso, perigoso, etc. Eu estava totalmente errada.

A minha primeira reação ao chegar na Vila Brás, ainda no ônibus, foi rir. Não uma risada de deboche, uma risada feliz ao ver uma das muitas gambiarras arquitetônicas e pensar: esse é o jeito que alguém encontrou pra fazer a casa dos sonhos. Era uma mistura de materiais, umas paredes inacabadas, pinturas não finalizadas. Ainda assim, aquela casa é, provavelmente, a mansão de quem mora lá.

Além disso, os moradores e outras pessoas que encontrávamos na rua nos trataram muito bem. Todos que abordei foram muito simpáticos e educados, disponibilizando o próprio tempo para nos dar informações. Alguns até perguntaram por que eu queria saber aquilo, se ia sair no jornal.

Tudo isso colaborou para que a imagem que eu tinha formado sobre a Vila Brás nos últimos anos fosse totalmente contrariada pela experiência que tivemos no local. E culpo o mau humor dos colegas que fizeram a disciplina antes ao fato de ter que levantar cedo no sábado. Esse até eu tive.

Um olhar sobre as pessoas

Daniela Fanti

Talvez por morar em cidade pequena desde que nasci, eu não tenha visto e vivido experiências tão intensamente como vi e vivi na Brás. Gente que trabalha. Gente que anda pelas ruas como se estivesse sem rumo. Crianças que brincam. Crianças que ajudam como podem no sustento da família.

Ao chegar à Vila, tentei me desprender do olhar sobre as coisas materiais. Decidi direcionar meu foco exclusivamente às pessoas, aos pensamentos, às reações, aos gestos. Muito mais do que problemas com trabalho, moradia, iluminação, percebi que as pessoas da Vila querem zelo e atenção, querem ser vistas e ouvidas.

A maioria com quem conversei me esboçou a mesma reação: timidez e resistência ao contato. Um olhar desconfiado que, mesmo por trás de tanta insegurança, mantinha-se firme até conseguir desvendar qual o meu real objetivo em estar tão interessada nos seus cotidianos. E, da mesma forma, por trás de minha expressão de destreza e total segurança, também tentava esconder meu sentimento de indignação diante de minha incapacidade de reverter a condição dos milhares de habitantes da Vila.

E é este sentimento de não-conformidade com as desigualdades e injustiças do mundo que move a profissão do jornalista. É a vontade de mudar, de fazer diferente, de começar do zero. É o desejo de dar às pessoas tudo aquilo que lhes cabe por direito. Estou tendo, nesta disciplina, a oportunidade de vivenciar uma realidade que não é a minha e de uma forma como se fosse profissional. Estou tendo a oportunidade de provar para mim mesma de que acertei “em cheio” na escolha da profissão.

Ainda há muito o que contar

Lílian Stein

Ir para a Brás foi uma experiência inédita para mim. Me fez rever conceitos – não apenas jornalísticos, mas humanos. Pude comprovar que o jornalismo faz o profissional ficar de frente a coisas, pessoas e sentimentos que ele próprio duvida que existam ou que, pelo menos, não imagina que estivessem tão perto. Escolhi uma pauta que, de cara, parecia ingênua. Ouvi histórias que não imaginei ouvir naquele sábado pela manhã.

Logo que desci do ônibus, avistei quatro garotas que, julguei, tinham perto de 15 anos. E imediato, pensei em conversar com elas sobre a comemoração que, talvez, estivesse por vir. Encontrei quatro histórias diferentes – e mais tantas que me impressionaram. De uma gravidez inesperada – que resultou em uma festa na qual os presentes foram roupas de bebê – a tímidos abraços na escola devido à morte da mãe, pude conhecer uma realidade que me tocou, tanto como pessoa quanto como futura profissional.

Percebi, em pouco menos de três horas naquele lugar antes desconhecido, o quão privilegiado é um jornalista por esse contato tão intenso com pessoas capazes de detalhar suas vidas em uma conversa de poucos minutos. A Brás e suas histórias me surpreenderam. E tenho certeza de que ainda há muitas delas, tão simples, tão verdadeiras e tão humanas, que esperam para ser contadas em nosso jornal.

O mundo da Vila Brás

Miriam Moura

Normalmente em um sábado seja ele ensolarado ou não, o despertador não me tira da cama antes das 11h00min horas, mas nesse foi diferente, ás 08h00min horas, lá stava ele me avisando que era hora de levantar, que o dia seria corrido.

Era um sábado lindo e eu estava morrendo de curiosidades para conhecer a Vila Brás, confesso que quando cheguei o primeiro pensamento foi: “Isso aqui não é vila, é bairro... já vi coisa pior”, mesmo assim queria logo descer do ônibus e ir a luta, atrás da minha pauta já ditada por mim mesmo, no dia anterior. Eu estava certa que faria a minha pauta, pois não encontraria nada mais de interessante naquele lugar, que já havia sido visitado por tantos outros colegas.

Errei feio, comecei a perceber quanta coisa legal tinha naquele lugar, tantas pessoas interessante, com histórias incríveis, pessoas que queriam ser ouvidas, pois algumas delas nos paravam na rua querendo contá-las.

Sai com a sensação que terei de voltar muitas vezes pra poder conhecer pelo menos um pouco do mundo da Vila Brás.

A manhã na Vila Brás

Manuela Teixeira
Meninos que nos acompanharam durante parte da manhã na Brás.
O dia 21 de agosto havia chegado e, com ele, a expectativa de conhecer a Vila Brás. Fazia sol e os moradores da Vila podiam ser encontrados nas ruas. Junto deles, misturavam-se estudantes com rostos curiosos, bloco de nota e caneta nas mãos: chegavam os repórteres do Enfoque.

Com a pauta já escolhida, eu buscava, ansiosa, por jovens que estivessem prestes a votar pela primeira vez. Queria conhecer seus anseios e responder a pergunta que eu havia feito a mim mesma logo que pensei na matéria: com tantos problemas que a comunidade vem enfrentando ao longo dos anos, há esperança no voto ou ele é feito simplesmente pela obrigatoriedade? Ao contrário do que eu esperava, os jovens se mostraram esperançosos e dispostos a votar com consciência.

No final da manhã, após várias entrevistas, eu ainda procurava por algum que estivesse com o título de eleitor para a foto. Encontrei dois meninos e arrisquei: “Vocês conhecem alguém com idade entre 16 e 18 anos que mora por aqui?”, perguntei. Eles não tinham mais do que 12 anos e se mostraram animados em levar a mim e a fotógrafa até a casa de Pâmela Fernanda da Rosa Vianna. Caminhamos umas quatro quadras (quatro quadras depois da escola, ou seja, muito caminhamos) com os meninos correndo e brincando em nossa volta.

Entrevista realizada e foto registrada, era hora de voltar à redação do Enfoque. Chegava o momento de transferir para a matéria a apuração de toda a manhã. O ônibus saiu e deixou pra trás a Vila. Com ela, ficaram muitas histórias que ainda serão contadas. Mas numa próxima edição.

Pelas ruas da Vila Brás

Rafaela Kley

Um desafio e uma possibilidade de quebra de preconceitos. É desta forma que descrevo a primeira visita à Vila Brás, realizada pelos alunos da disciplina de Redação Experimental em Jornal.

Caminhando sem rumo, procurei em placas e em pequenos detalhes a minha pauta. Em uma simples rua da Vila Brás, me deparei com moradores sentados em suas cadeiras de praia em plena calçada. Sabia que ali estava o assunto que preencheria os meus ultrapassados 1000 caracteres de matéria.

Por já ter estagiado em uma prefeitura municipal no setor de assessoria de imprensa, sei que muitos problemas que afetam diretamente o povo custam a serem solucionados justamente pela falta de voz. Através da minha matéria que aborda a falta de Iluminação Pública em algumas localidades, acredito que a realidade vivida por tantas famílias possa ser vista com mais rigor e que, o quanto antes, luminárias possam ser colocadas na região.

Só tive experiências positivas no passar desta primeira edição do Enfoque Vila Brás. Toda a comunidade com quem conversei foi colaborativa e simpática, assim como os profissionais da prefeitura municipal de São Leopoldo que atenderam os meus e-mails e ligações. Digo o mesmo dos colegas de Fotojornalismo que trabalharam junto com os repórteres, sem dúvidas uma união necessária e que deu certo.

A procura de uma pauta

Clarissa Figueiró

Logo que chegamos à Vila Brás já percebi que vinha pela frente um grande desafio. Conseguir uma boa pauta em meio aquele lugar tão grande, e desconhecido até então para mim.

Um dia antes já estava imaginando algumas sugestões de pauta. Quem sabe uma pessoa famosa que tenha m orado lá? Um ator, músico, ou até mesmo um jogador de futebol. Então eu ficava me perguntando: Mas o que a comunidade vai querer ler? Qual assunto desperta a curiosidade?

Bom, essas perguntas definitivamente, não são fáceis de responder.

Começamos bem, sábado ensolarado, colegas empolgados, blocos e maquinas nas mãos, rumo a nossa tarefa do dia: encontrar a 1º pauta para o “Enfoque Vila Brás”.

Desci do ônibus, respirei fundo e pensei: E agora... Por onde começar?

Sai pela rua e logo entrei em um dos mini-mercados. Perguntei à senhora que estava guardando os refrigerantes se ela sabia de alguma coisa q estava acontecendo por ali. Ela só respondia com o rosto que não. Fiz outras perguntas e ela continuava com a mesma resposta. Então, perguntei se por ali existia algum grupo de dança ou teatro? Ela me respondeu (bem empolgada), que sim, inclusive me mostrou onde morava a Graci, a professora, como ela disse. Pelo entusiasmo dela percebi que a população parecia gostar bastante do grupo.

Prontamente fui atrás da Graci. E, diga-se de passagem, foi uma bela “pernada”. Depois de bater em três casas erradas encontrei a casa de umas das meninas que participa do grupo de dança, a Leire. Ela disse que eu teria que ir até a igreja, onde a mãe de Graci estava. Quando já estava na esquina da rua vejo correndo para o meu lado o irmão de Leire, o violeiro Leonardo, dizendo que iria me acompanhar até lá. O menino, que além de prestativo é muito querido e comunicativo, foi comigo até a igreja falar com a mãe da moça, ela nos informou que Graci estava ensaiando no espaço da comunidade cedido pela igreja católica (na frente da escola), ou seja, caminhar mais algumas quadras até lá. Leonardo continuava me acompanhando e contando que ele também já “pauta” no semestre passado, pois era violeiro. Eu particularmente me encantei com o menino.

No caminho encontramos o Junior, outro integrante do grupo, que estava saindo do ensaio. Aproveitei para pegar um depoimento dele sobre o projeto e também pedir o telefone de Graci, pois se eu demorasse muito para chegar até lá outro colega poderia ter pegado esta pauta. Liguei para Graci e marquei de entrevista-la ente uma aula e outra. Sem dúvidas aquele telefonema me aliviou, minha primeira pauta para o Enfoque já estava encaminhada.

Habilidade colocada à prova

Stéfanie Telles

Sair a campo sem conhecer o local, sem nenhum tipo de pauta prévia, com horário de retorno determinado e com o objetivo de produzir uma matéria foi um desafio interessante. Cheguei ao local preocupada em não encontrar um assunto interessante e pertinente para o público do jornal e em não dar conta do tempo. Mas aos poucos, as necessidades, os problemas e as curiosidades da Vila vão se revelando a nós, de forma a nos possibilitar não apenas uma, mas inúmeras pautas. Temos apenas de estar abertos, interessados, tratando com seriedade a realidade dos moradores da Brás.

Como descreve Eliane Brum, "se o telefone e a internet são invenções geniais, não há tecnologia capaz de tornar obsoleto o encontro entre repórter e personagem". E não há mesmo. Este é o momento em que nossas habilidades são colocadas à prova e nosso envolvimento e paixão pelo fazer jornalístico podem ser intensamente vivenciados. E isto verdadeiramente aconteceu na manhã de sábado, 21 de agosto, pelo menos pra mim. Que venha a próxima.

Manhã na Vila

José Frederico Dilly

Nunca havia estado na Vila Brás. Já passara de ônibus algumas vezes, embora não soubesse que o lugar de ruas estreitas, cães aos montes, comércio farto, fosse a Brás. E quando o ônibus da nossa turma estacionou lá, imagino que fossem essas as primeiras impressões de quem, como eu, vinha de fora, observou: as ruas estreitas, os cães aos montes e o comércio farto. Mas é claro que não é só isso que é a Vila. Caminhando por ela, desbravando-a e conversando com os moradores é que vamos nos habituando a todo o ambiente. Conversar com o pessoal da Vila é algo agradável. Todos têm algo a contar, todos querem contar alguma coisa. O morador com quem conversei inicialmente tomava café em um copo em frente a sua casa. Logo juntaram-se sua esposa e um rapaz que esqueci de perguntar quem era. Pareciam que gostavam da presença do Enfoque. Assim como outra moradora, que dirigiu-se a nós, alunos, em um bar, reclamando de uma reportagem da edição anterior e encontrando a oportunidade de dar sua versão. Ou do rapaz, orgulhoso, dizendo que o personagem da capa do jornal anterior, que pisava sobre uma bola, era ele. Foi vivenciar o jornalismo na essência: ouvir aqueles que têm alguma coisa a nos dizer.

Eis que surge o Michael Jackson

Ellen Mattiello

Minha primeira visita à Vila Brás foi em 21 de agosto, juntamente com os colegas e professores da disciplina de Redação Experimental em Jornal. Para a maioria, a Brás era uma novidade. O conceito de “novo” assusta, principalmente quando criamos expectativas.

Eu mal sabia o que me esperava. Não tinha noção de como funcionavam as coisas por lá e como era a receptividade das pessoas. Outro fator que me preocupava era a pauta. Não sabia mesmo o que fazer. Ouvi relatos de colegas que afirmavam ter encontrado a pauta perfeita ao caminhar pelas ruas. Confesso que não acreditava nisso. Para mim, era simplesmente impossível encontrar algo interessante do nada. Entretanto, tudo mudou naquele dia. De repente, surgiu o Michael Jackson.

Estávamos eu e mais duas colegas caminhando pela Avenida Leopoldo Wasun em busca de pautas. Imaginava uma Brás bem diferente da que eu vi. Deparei-me com diferentes realidades convivendo lado a lado e pessoas simples e receptivas. A rua estava pouco movimentada, era difícil pensar em alguma matéria nessas condições. Num determinado momento, ouvi um coro gritando “E aí, Da Hora?”. Então, avistei um homem de chapéu com uma garrafa de refrigerante na mão. Minha pauta estava ali.

Ao chamar o “Da Hora” para conversar, percebi o quão querido ele é na comunidade. Todos que passavam o cumprimentavam. Pedi que se apresentasse para mim e para as colegas. Ele apenas disse: “Meu nome é Michael Jackson e tenho a idade de Cristo”. Entre um diálogo e outro, crianças pediam para que dançasse como o Rei do Pop, algo que fazia com muito talento, por isso recebeu o apelido de “Da Hora”. Logo, conheci sua casa, uma Kombi, que estava estacionada na avenida principal. Em seguida, nos proporcionou um tour pela Brás, um momento importante não apenas para descobrir boas pautas, mas, sobretudo, para conhecer mais sobre a vida no local.

Passaram quase duas semanas e aquela visita continua marcante. Estou ansiosa para ver o jornal pronto e entregá-lo aos moradores. Melhor do que ver um trabalho finalizado é presenciar a alegria da comunidade ao ver como a participação deles é importante para a experiência pessoal e profissional de futuros jornalistas.

O desafio do desconhecido

Suélen Faustte Dal’Agnol

Começando novamente o semestre, cadeira de jornalismo experimental em jornal plena sexta-feira, dois professores, uma turma imensa e o desafio de partir até a Vila Brás em busca do premeditado, do diferente, de algo novo. Conversa e mais conversa afinal ninguém conhecida o local para onde iríamos. Porém estávamos todos dispostos e com ‘quase’, pois não tínhamos a pauta, tudo certo.

Apesar de ser sábado a galera estava animada e atenta aos últimos detalhes á serem resolvidos. Ok, tudo certinho agora? Então vamos em frente! Estar em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas e necessitar algo se tornou bastante complicado, mas não impossível.

Caminhar e caminhar, praticamente uma manhã de atleta, solão no rosto e nada para reclamar ou para agradecer. Comunidade tímida e satisfeita! Ê maravilha, vamos embora então? Não!

Ao conversar com uma comerciante passa um ‘vulto’ empolgado, cantando, dançando e comprimento á todos. Eis a dúvida: Quem era? Questionamos a moça e prontamente respondeu. ‘Este é o Da hora’. Todos conhecemos a velha história que a esperança é sempre a última que morre, então, agora foi dada a largada para segunda etapa da vida de atleta/jornalista, a corrida para alcançar o ‘Da hora’.

Gritos, sinais e nada. Ele seguia o seu caminho e nós (eu e mais duas colegas) o seguíamos. Depois da perseguição, conseguimos o alcançar. Muito simpático e extrovertido, Michael de sobrenome Jackson, se tornou uma espécie de guia na vila, além de ser uma das nossas pautas.

Percorremos mais várias quadras e encontramos muitos brechós, mini mercados, uma festa agostina ao invés de junina, ruas sem calçamento, e a população mais participativa. Em uma primeira visita, fica o aprendizado de que é sempre bom conhecer novos lugares e realidades. Entretanto, para a próxima ida levarei um protetor solar (tomei um torrão no rosto) e tentarei não perder a voz outra vez.


Voltando aos trabalhos

Luana Reis

Depois de quase um ano afastada da Unisinos e sem produzir quase nada, me aparece o desafio de recomeçar. A nossa saída de campo para a Vila Brás, para mim, foi muito mais do que fazer uma matéria de mil caracteres. Confesso que fui apreensiva. Acho que a falta do exercício da escrita deixa a gente um pouco ‘fora de forma’. E realmente eu estava com o olhar jornalístico bem destreinado. Andei, andei por aquelas ruas e não conseguia ver nada de interessante, nada me chamava atenção. Duvidei da minha capacidade, me senti frustrada e perdida...

Porém eu não estava ali sozinha, certo? O professor, vendo a minha falta de esperança em conseguir alguma pauta, me deu uma grande ajuda! Aliás, professores servem pra isso, tinha esquecido. Em cinco minutos de caminhada encontramos a Dona Cassiana. Sim, aqui eu vou usar Dona! E bingo, minha pauta ganhou forma, fontes e até fotos!

Não posso dizer que achei tudo uma maravilha, que adorei a experiência, até porque este tipo de jornalismo não me atrai, não me empolga, pelo menos até agora. Só que aquele sábado fez um dia de sol tão lindo... Ok, valeu a pena, principalmente depois de chegar em casa e ‘desmaiar’ de sapato e tudo na minha cama!

Conhecendo a Vila Brás

Thaís Jobim

Para começar eu não sabia que existia a Vila Brás, quando colegas comentavam que este trabalho era feito lá pesquisei sobre o lugar e nada encontrei. Pois é, nada melhor que ir até o local onde meus colegas tanto falavam. E chegando lá eu vi que minha imaginação tinha ido longe demais. A Brás é enorme, um lugar curioso e bem diferente de outros que já conheci. É um bairro amplo, com locais bem diferentes uns dos outros.

Para mim foi uma experiencia que me acrescentou muito, me fez ver como podemos achar pautas diversificadas com pessoas (muitas vezes) dispostas a falar. Eu espero que na próxima visita a nossa turma possa nos sentir mais a vontade para a coleta de matéria.

Minha estréia na Vila Brás

Débora Soilo

No sábado, dia 21 de agosto, tive minha estréia na Vila Brás. É interessante a maneira com que criamos expectativas, boas e ruins, diante do novo. O que poderia dizer sobre a Vila Brás?

É um lugar com uma variedade de estilos, hábitos, crenças, profissões, enfim, um lugar como qualquer outro lugar. E assim como qualquer outro ponto que possamos conhecer é cenário de desigualdades, dificuldades financeiras, histórias difíceis.

O que achei de mais marcante nesta primeira visita, é a garra com que aquelas pessoas levam a vida, sem deixar com que os obstáculos as desanimem. Conheci de perto a história de gente que explorou da criatividade para conseguir o sustento. Assim como João Andrade da Cruz, que viu na bicicleta – o meio de locomoção mais utilizado na Vila Brás – uma forma de “fazer” dinheiro, ampliando seu negócio, a Lancheria Coma Bem, com o serviço de entregas a domicílio.

Cachorros são presença confirmada, e como nós éramos novidade no pedaço, eles não mediam esforços para chamar nossa atenção. A alegria das crianças também contagia a quem visita o lugar. Para elas não há tempo ruim. “Tia faz uma foto nossa”, essa foi uma frase que ouvi bastante naquela manhã de sábado. Abaixo você confere os irmãos Roberto Vanacor e Roger Samuel Vanacor, que adoram jogar bafo com a gurizada nos finais de semana.