sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dessa vez foi!!

Luana Reis

Depois das minhas duas experiências um tanto traumáticas na Brás, enfim tudo ocorreu muito bem! Com a pauta sugerida pelo professor em mãos, já que minha outra sugerida havia furado, fui atrás de alguém que pudesse nos ensinar um pouco sobre algo que nos dá tanto prazer e que é tão necessário: comida! E o mais legal, é que por coincidência, dia 16 de outubro é dia mundial da alimentação.

Uma moradora me sugeriu que entrevistasse a senhora que vende refeições a R$1. A fama de boa cozinheira de Olga é grande lá Brás. Muito solícita, ela e sua ajudante nos deram várias dicas enquanto preparavam o cardápio do dia. 

Fiquei bem satisfeita com a entrevista, com as fotos e o resultado final da matéria. Acho que quando o assunto tem mais a ver com a gente, quando a gente domina e simpatiza mais com a pauta tudo fica mais fácil e divertido.

Tenho que confessar, que eu e a Carina, fotógrafa da matéria, sofremos um bocado, porque a gente tava com muita fome. E o cheirinho tava bem bom gente!

Comunidade acolhedora

Camila Nunes

Visitar a Vila Brás durante três sábados do semestre foi uma experiência enriquecedora. A hospitalidade com que os moradores nos receberam serviu como uma espécie de combustível para encarar o desafio de descobrir (inloco) algo que pudesse ser transformado em pauta para o Enfoque.

Em nossa última visita, meu objetivo era mostrar que por trás de problemas como saneamento, saúde, segurança – comuns a qualquer bairro de periferia das cidades brasileiras – existiam também ali histórias de pessoas que encontram a felicidade nas coisas mais simples da vida.

Contei a história de uma amizade que há muito não se vê. A empregada doméstica Edi Antunes e suas três comadres provam que com carinho e solidariedade, a vida pode ser bem mais leve. Confira na mais recente edição do jornal Enfoque!

A Vida Brás

Vanessa Lopes

Moradores da Brás são bastante tranqüilos, os sábados deles me parecem um dia tão amigável, porque, não se vê violência, nem brigas lá. Pelo menos nos sábados que visitamos a Vila. Mas o pessoal abre seus comércios e todos muito tranqüilos e sorridentes, tendo uma disponibilidade e acessibilidade para conosco. As crianças são bem dadas, eu quando caminhava com o fotografo pela rua, um menino de aproximadamente 7 anos, nos chamou de cima de um caminhão para tirarmos fotos dele. E ele sorria e fazia poses para a foto. A mãe dele o observava da varanda da casa, e quando olhei para ela, ela me sorriu. 

Eu sinceramente não recebia esse tipo de gesto há bastante tempo. Hoje em dias as pessoas que possuem uma condição melhor de vida, não têm essa alegria, ou essa simpatia de sorrir para “qualquer um”,. Elas vivem estressadas e se achando importantes ou “diferentes “de mais do resto das pessoas para sorrir ou ser gentil. Aquele dia a imagem daquelas pessoas sorrindo me chamou bastante a atenção. As crianças correndo e andando de bicicleta. 

Coisas simples que as crianças com mais condições não tem. Se via no rosto daquelas crianças que elas são e estão felizes ali, mesmo morando em condições ruins. Elas nos mostram a pureza e a simplicidade da vida.

Noites mal dormidas por uma boa causa

Rodrigo Rodrigues

E lá se foram três noites mal dormidas, por ter de acordar cedo demais, para, em três manhãs, desempenhar em uma comunidade desconhecida o papel de repórter: apurar um fato, redigir tal em tantos poucos caracteres e editar para que fique pronto para impressão.

Eis a Vila Brás, o lugar antes não conhecido, que em um trio de sábados foi devidamente percorrido, da rua principal às pequenas ruas. Primeiro, uma matéria sobre o transporte público que atende a população da vila. Depois, a denúncia de morador sobre os vizinhos que abusam do volume do ‘micro system’ madrugada adentro. E por fim, a sugestão do leitor, que reclamou da falta que faz um local para pagar as contas de energia elétrica, água, etc, dentro da Brás.

Além disso, as observações nas caminhadas. O movimento na Leopoldo Wasun, muito em função do comércio, o mundo de crianças que tomam conta das ruas adjacentes a ela, as rodas de chimarrão em inúmeras casas dessas adjacências. Fora o acompanhamento das pautas de colegas, observando o que as fontes tinham para falar, o que, provavelmente, não é possível transcrever nas páginas do Enfoque Vila Brás, pela quantidade de informações. Como por exemplo, o depoimento de uma criança relatando o desencanto que é para ela ver a praça mal conservada, com brinquedos danificados e pichações de gangues por todo lado. Um fato a lamentar.

O que fica de aprendizado das idas até a Brás é que por mais que pareça impossível encontrar pauta depois de tantas edições impressas do jornal, isso não corresponde à realidade. Existe assunto, e encontrando um, logo vem outro acoplado, pronto para ser apurado. Apesar das noites pouco dormidas, ficou a lição.

Por uma mudança de enfoque

Priscila Zigunovas

A pauta da terceira visita à vila foi a mais difícil de fazer. Foi a primeira vez que eu cheguei à Brás com a pauta já definida: eu queria entrevistar o dono de uma empresa de moto táxi. A opção reserva era fazer a matéria com um grupo de grafiteiros da vila que tinham me sugerido na visita anterior.

Mas as duas pautas caíram. A primeira, porque o homem não queria matéria da empresa dele no jornal, e a segunda, porque não consegui encontrar as pessoas e nem me atenderam quando liguei. Eu tinha que achar uma pauta nova, e não estava fácil: todas as pessoas com quem eu falava diziam já terem sido entrevistadas muitas vezes, e não queriam perder tempo falando comigo. Muitas já tinham sido notícia na edição anterior do Enfoque, ou tinham dado entrevista naquele sábado mesmo. Até uma moça que costurava carteiras à mão, sentada num banco na rua, não quis conversar. "Estou cansada de dar entrevista", disse ela. "Já fizeram matéria minha umas cinco vezes."

Essa saturação de pautas vai piorar a cada semestre, a menos que se repense a proposta do jornal. Se precisamos continuar trabalhando na Brás, então que façamos não apenas matérias na vila, com os moradores, mas para eles. Podemos ocupar as muitas aulas ociosas da disciplina com a produção de matérias relevantes para a população do bairro, matérias de serviço, entretenimento, esportes e qualidade de vida, por exemplo, com espaço para reportagens e notas. Fazer jornalismo popular, mesmo, e lembrar que o Enfoque não é feito para ser lido na Unisinos, e sim na vila - mas nem por isso precisamos falar só da Brás.

Última experiência na Vila Brás

Matheus Cardoso

Como prometido, aí vai o relato. Juntos, eu, Miriam Moura e Kênia Ferraz, conhecemos a triste realidade em que vive a família de Janaína da Rosa. Na primeira vez que tivemos na residência de Janaína o susto com a situação ao em torno da casa foi bem grande. Como havia chovido durante a semana que antecedeu a visita o terreno estava completamente alagado. Com acúmulo de água da chuva os dejetos de um banheiro instalado nos fundos da casa acabavam por ficar expostos ao contato de todos.

A região que visitamos dentro da Brás toda sofre com a falta de saneamento básico. Ao lado da casa de Janaína há um vizinho que cria porcos, fato esse que piora a higiene do lugar. Crianças que moram nessa região vivem sofrendo com doenças causadas pela sujeira do local.

Bom, por fim, depois de ajudar a Miriam com a pauta, achei a história de uma menina cadeirante que sofre de epilepsia e que conseguiu junto ao projeto Minha Casa -Minha Vida uma nova residência adaptada para o seu problema. E assim foram as incríveis experiências na Vila Brás.

A Brás ensina a quem quer aprender

Lílian Stein

Esperava fugir do lugar-comum e, por isso, pensei em ignorar qualquer pauta que me exigisse apenas um pouco de apuração e o mínimo esforço para fazer um texto razoavelmente satisfatório. Havia ouvido sobre as ideias de alguns colegas e percebi que muitos deles também compreendiam que era hora de buscar algo mais. Restava saber o quê. 

É provável que uma das minhas experiências acadêmicas mais marcantes até agora tenha sido a visita de Rosina Duarte, uma das criadoras do Boca de Rua. O jornal é fruto de uma parceria entre jornalistas e moradores de rua – responsáveis por sugerir a pauta, apurar as informações e redigir a matéria. A ideia, que à primeira vista pode parecer absurda, deu certo. O Boca completou 10 anos em setembro, com tiragem de 8 mil exemplares em cada uma de suas edições trimestrais.

A terceira ida à Brás era marcada por uma espécie de ansiedade diferente. Ao mesmo tempo em que era preciso encontrar uma pauta que ainda anão havia sido abordada nas outras duas edições, sentia necessidade de fazer mais do que nas outras vezes. Foi nessa hora que lembrei do Boca de Rua.

Em conversas anteriores, o professor Eduardo Veras havia comentado a possibilidade de escolhermos moradores que, tal qual fazem os repórteres do Boca, sugerissem a pauta, apurassem as informações e redigissem a matéria. A ideia, no entanto, parecia difícil de ser posta em prática. Esse possível obstáculo caiu por terra quando eu e minhas colegas Daniela e Rafaela encontramos seis meninas ansiosas por escrever sua primeira matéria.
Fiquei responsável por orientar – e apenas isso – a Suélen e a Giovana. As duas têm 12 anos e estudam em uma escola municipal da Brás. Imaginei que a tarefa seria difícil e me demandaria um esforço que, ao fim, percebi ser dispensável. Impressionei-me com a desenvoltura de repórteres que pegavam bloco e caneta pela primeira vez. 

Saí da Brás orgulhosa e, mais do que isso, emocionada. O resultado da dedicação e talento de Giovana e Suélen é o que encerra as edições do Enfoque neste semestre. Para mim, fica a lição: cheguei a pensar que iria ensinar. Terminei com a certeza de que quem havia aprendido era eu.

Educação para além dos muros

Fabrício Preto

Minha última matéria para o Enfoque Vila Brás surgiu em um período bem importante. Teve início no dia 22 de outubro o período de campanha para eleição da Direção da Escola Municipal de ensino Fundamental João Belchior M. Goulart. A eleição acontece no dia 12 de novembro.

Ao chegar na escola, a primeira ideia era construir algo sobre a importância da alimentação no desempenho escolar dos alunos. Porém, na conversa inicial com a Vice-Diretora, Juliana Garbin, percebi a correria da campanha acontecendo. Era momento fundamental para conversar com os candidatos e traduzir na matéria a importância da participação da comunidade nesse processo. De acordo com Juliana, poucos são os pais que vão até a escola participar da eleição.

Já acompanhei de perto o dia-a-dia de uma escola e percebi o quanto faz diferença quando os pais, alunos e professores assumem a educação de qualidade como uma meta. A oportunidade de escolher o futuro da escola do bairro é um passo para levar a educação para além dos muros.

Pautado nas entrelinhas

Pedro Bicca

Na última ida à vila, fui alvo de uma situação embaraçosa, mas comum no meio jornalístico. Na ocasião, cheguei ao local com o desejo de vasculhar a vida de Marcos Quadros “Marquinho”, no qual foi personagem de meu texto anterior. Algo relevante, pois a abordem seria completamente diferente.

No entanto, a proposta para a última expedição à Vila Brás era outra. Devíamos ser pautados por algum morador, sobre algum assunto que gostaria de ver no jornal. Pois bem, estamos sujeito a erros. Mas o lado bom disso tudo, é que temos oportunidade de corrigir. Foi o que fiz.

Entrevistei o comerciante Zenir Buratti, marido da sobrinha de Marcos. Enquanto eu insistia em saber sobre a vida do velinho, ele fazia o mesmo, porém falando de si. Uma história de luta contra o desemprego. Não tive dúvida, escrevi sobre sua vitória, na aposta que fez ao criar seu próprio negócio.

Ao final de tudo, dei-me conta de que fui pautado por alguém. Não do modo comum, com uma entrevista direta sobre o assunto, e sim com uma abordagem nas entrelinhas.

Impressões de repórter

Cecília Medeiros

Minha segunda pauta da Vila Brás foi difícil de conseguir, mas depois de muito andar encontrei Meire, com a reclamação que na vila existem muitas crianças pedintes. Pronto estava ali minha pauta e logo minha matéria. Ela me contou que as mães colocam os filhos a pedirem alimento, dinheiro ou qualquer outra coisa.

Moradora da Brás há 12 anos e comerciante, contou-me que tem mulheres que colocam os filhos a pedirem nas casas e que ficam de longe observando. “É um desrespeito com as crianças deixarem ela nas ruas sem irem a escola”, declara. A comerciante contou que observa esta situação há mais de três anos e que tem receio em denunciar ao conselho tutelar. Em umas das ocasiões em que dou alimento há uma destas crianças, ela teve seu celular roubado.

Para Meire deveria haver mais policiamento nas ruas e fiscalização, com objetivos de identificarem estas famílias, para que possam ser encaminhadas a órgãos competentes de reabilitação de toda a família. “São crianças de cinco a 7 anos, em idade escolar a maioria”, conta.

Ao conversar com a conselheira Joselaine, do Conselho Tutelar Zona Norte soube que são mais de 50 denúncias na Brás de casos de crianças postas a pedirem pelos pais. Ela conta que o conselho tutelar não dá
conta de atender todos os casos. O conselho só pode atuar através de uma denúncia, mas mesmo assim há poucos conselheiros para tanta demanda.

“O trabalho do conselho tutelar não é dar limites aos filhos dos outros, mas a proteger a vida das crianças contra qualquer tipo de mau trato”, desabafa. Tem gente que acha que o conselho serve para ameaçar os menores e nossa função não é esta e sim protege a criança ou adolescente em risco, conta Joselaine.

Assim, depois de uma longa conversa com Meire e Joselaine estava pronta minha matéria. Missão cumprida e nosso próximo exemplar do Enfoque poderão conferir a matéria.

Impressão de repórter 3

Fernanda Herrera

Esta foi terceira e última ida à Vila Brás. A orientação dos professores era fazer uma matéria sugerida por um morador do local. Formei dupla com o fotógrafo Ramiro Furquim. Ele me levou até a senhora Elisia de Moraes. E, a partir da conversa que tive com ela, minha pauta estava formada.

Ela relatou que os moradores da Vila têm a preferência por caminhar na via, ignorando a calçada. Nas outras duas vezes em que estive na comunidade percebi esta preferência. Confesso, também, que acabei fazendo o mesmo. Algumas vezes, percebi que estava caminhando no meio da rua, me expondo aos mesmos perigos que os moradores. E foi por isso, sentido na pele o perigo, que resolvi escrever a matéria. Acho que assim o alerta fica mais autêntico, no momento em que constatei o problema e até fiz parte dele.

Para a população da Vila Brás, deixo minha contribuição com este alerta. Apontando os problemas que devem ser solucionados por eles mesmos. Uma das entrevistadas disse: “é tudo uma questão de consciência”. Concordo com ela, já que muitos destes acidentes ocorridos na Vila poderiam ter sido evitados. E, com simples atos, como não obstruir a calçada com carros estacionados e restos de obras.

Os homens da Vila Brás estão mais vaidosos

Fernanda Herrera

Ao chegar na Vila Brás, não sabia ainda sobre o que escrever para próxima matéria do Jornal Enfoque. Comecei a caminhar pela Avenida Leopoldo Wasun e reparei que existem muitos salões de beleza. Resolvi entrar em um, pensei que a moda dos cabelos das moradoras da Vila pudesse render uma matéria. 

Conversando com a cabeleireira Lena, descobri que não havia nada de novidade no que as mulheres dali faziam em seus cabelos de diferente das mulheres de outros lugares. Parece óbvio, mas até aquele momento pensei que algum corte específico, de algum personagem de novela por exemplo, ou alguma cor estivesse na moda entre as mulheres. 

A surpresa veio quando ela começou a contar que na verdade eram os homens que estava fazendo mudanças mais radicais e visitando com mais freqüência o salão. Agora além de apenas cortar o cabelo, utilizando cortes mais tradicionais, eles pediam para tonalizar, fazer reflexos e luzes (mechas mais claras, nos cabelos escuros). 

Ao visitar mais dois estabelecimentos pude constatar o que a dona Lena havia me contado. Encontrei homens e meninos cortando, descolorindo os cabelos, e fazendo hidratação. Descobri também que o cuidado com as unhas e sobrancelhas é uma preocupação entre eles. E que não se importam de gastar dinheiro com tratamentos estéticos. A cabeleireira Xica, como é conhecida, contou que muitos marcam hora para fazer todos os procedimentos no mesmo dia.

Assim, constatei que os homens da Vila Brás realmente estão mais vaidosos. E como Xica explicou, não é porque moram em uma vila que deixam de se cuidar.

Uma oportunidade de negócio

Fabrício Preto

Bares, supermercados, bazares, lojas de confecções, pecuárias, padarias... dentre tantas opções existentes no grande shopping aberto que é o centro da Vila Brás, ainda falta uma Pet Shop. Nas edições do Enfoque, muitas foram as matérias que chamaram a atenção para a grande quantidade de cachorros nas ruas do bairro. Porém, após conversar com lojistas, descobri que muitos são os moradores que têm animais de estimação e necessitam de lojas especializadas para o cuidado com os bichos.

Esta foi a minha maior surpresa: a necessidade de uma Pet Shop não é privilégio apenas dos moradores de bairros ricos. O cuidado com os animais, através do trato com rações e uso de acessórios específicos para seu bem-estar, está se tornando uma rotina também em bairros mais carentes. Os animais de estimação estão se tornando membros da família, merecendo cuidado e a atenção devida.

Quem sabe essa não é a oportunidade que ainda espera por um empreendedor. Banho, tosa, rações, coleiras, roupas, shampoo... é a hora de cuidar melhor dos animais de estimação da Vila Brás.

Última visita à Vila

Caroline Raupp

Nossa última visita à Brás me reservou uma grata surpresa. Caminhando pela avenida principal em busca de uma pauta, encontrei um menino mirradinho, que andava cumprimentando a todos e prestando atenção na movimentação do pessoal da Unisinos que distribuía a mais recente edição do jornal enfoque. Quando comecei a conversar com Davi, percebi que se tratava de um garoto muito inteligente e interessado por cultura e educação. Davi não era tão jovem quanto aparentava, com doze anos, cursa a sexta série no colégio da Vila, e tem um belo futuro. Fico na torcida para que consiga realizar todas teus sonhos e conhecer tudo que deseja.

Estou esperando o bis

Roberto Ferrari

Nem parece que não vou mais voltar a Vila Brás. Não pelo menos esse ano, de forma programada. Não foram tantas visitas, porém ficaram na lembrança. Engraçado que nos três sábados que fui junto da turma de Redação Experimental de Jornal para a localidade, o calor me puxou para uma sorveteria. Dessa forma, todas as calorias perdidas nas andanças pelas ruas foram reconquistadas de uma forma muito saborosa.

A acolhida dos moradores da Brás também deixará saudades. Moro no interior gaúcho e não tanta facilidade como a que tive ali para desenvolver o meu papel de repórter. As pessoas da Vila são abertas e gostam de falar. Claro que para qualquer jornalista entrevistar uma fonte mais complexa - e se sair bem - é satisfatório, mas a naturalidade do processo de captação de informações me surpreendeu. Fiquei com um gostinho de quero mais.

Não descarto dar uma passada por lá no ano que vem, nem que seja apenas para observar a movimentação do local. Quero ver se algo mudou. Lá sempre há algo novo. Não quero perder uma lembrança que me foi tão rica nesse semestre. Uma experiência de vida.

O que era doce acabou depois que a banda passou

Tarcísio Bertim

Chega ao fim mais uma saga Vila Brás. Mais uma equipe de aspirantes a jornalistas e fotojornalistas se despede na terceira edição que lhe cabe do jornal Enfoque. Esta experiência, já foi dita e virou jargão, é única para os estudantes. O fato é que algumas verdades, como essa, não podem ser negadas. Semestre que vem chega outra turma, novos estudantes, novas idéias, novas notícias e histórias serão contadas. A Vila Brás continuará a mesma. Mudando. Os moradores, como de costume, continuarão vivendo suas vidas e esperando enfoque.

A banda passou e tudo ficou mais triste; mas, ao contrário da canção, quem entristeceu foi a banda e não as pessoas que a viram passar. Assim nos despedimos da Brás com a certeza de que recebemos muito mais do que doamos naquele lugar de gente simples e cativante.

Semestre que vem, outra turma estará em nosso lugar. A Vila Brás continuará a mesma. Mudando. Mudando os semi-jornalistas que passam por lá.

Sonhos em pauta

Ellen Mattiello

Sonhos, cores, sentimentos e nostalgia. Palavras simples que definem a terceira visita à Brás. Em parceria com os colegas Simone Nuñez Reis e Harrison Andrade, foi realizado um trabalho muito especial com algumas crianças da Vila.

Convidamos um menino e quatro meninas para desenhar seus sonhos. A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Goulart cedeu uma sala para realizarmos a atividade. Disponibilizamos folhas, canetinhas, giz de cera, lápis e réguas para os pequenos. Em meio a desejos materiais, como bicicletas, motos e casas de dois andares, uma menina tímida sonhava em rever o pai, que mora longe. Um mix de emoções e criatividade tornou mais agradável aquele sábado de tempo nublado.

No decorrer da manhã, lembramos dos nossos anseios e da nossa inocência nessa idade. Os trabalhos ficaram lindos. O brilho nos olhos das crianças é algo inesquecível. Para nós, além do sentimento de dever cumprido, percebemos o quão importante são os sonhos para a sobrevivência humana, principalmente na infância. O ato de sonhar, de almejar, de querer muito algo traz sensações agradáveis e faz com que a esperança se mantenha sempre viva. Agora, só resta torcer para que os sonhos dessas e de todas as crianças da Vila se realizem.

Até logo

Rafaela Kley

No caminho para a Vila Brás, eu, Lilian Stein e Daniela Fanti começamos a pensar o que poderíamos fazer de diferente nesta edição do Enfoque, afinal, a proposta era que nós fossemos pautadas por pessoas da comunidade. E porque não trabalhar com crianças? Fazer com que elas pensassem nas pautas, apurassem os fatos e redigissem a matéria? Uma proposta muito arriscada, mas que poderia dar certo.

Passamos a caminhar pelas ruas da Vila Brás à procura de crianças que pudessem participar deste desafio. Eu, sinceramente, pouco acreditava que daquele grupo de seis crianças selecionadas poderia ser encontrado um potencial, uma surpresa. Quando não acreditamos no sucesso de algo ou podemos confirmar nossas expectativas, ou podemos nos encanta, certo? Certo. E eu me encantei.

Em nossa reunião de pauta não foi preciso suplicar para as crianças que elas falassem o que gostariam de ler no Enfoque Vila Brás, dificuldade que eu encontrei nas outras visitas quando perguntava para as pessoas da comunidade que não sabiam responder o que elas achavam que poderia virar matéria. Em poucos segundos a pequena e surpreendente Nathália Luana de Souza Lopes sugeriu: “A gente podia fazer uma matéria sobre as pichações na escola”. Uma bela pauta. Juntamente com a coleguinha Miriam da Conceição Novaes, Nathália saiu pelo pátio da escola para conversar com a diretora da Escola e outras fontes.

As alunas tiveram a minha ajuda, claro. Conversei com as fontes, dei sugestões de perguntas. A pauta estava apurada. Restava sentar para redigir o texto. Alcancei para as jovens repórteres meu caderno junto com uma caneta. Fui primeiramente retomando com elas tudo de informação que nós tínhamos. E em poucos minutos a caneta estava nas mãos de Nathália que escrevia com uma incrível facilidade as informações. Em poucos momentos eu tive que intervir para ajudar na ortografia de uma palavra, ou então para sugerir uma forma diferente de se expressar.

Foram mais ou menos mil caracteres de matéria que poderá ser prestigiada na próxima edição do Enfoque Vila Brás. Miriam e Nathália, entretanto, não viram sua tarefa terminar no ponto final de seu texto. Este é o encanto da infância. As crianças possuem sonhos e querem realizá-los. Não são como nós, “os maiores”, que desistem dos sonhos, na maioria das vezes, quando se percebe que muita coisa vai ter que ser feita. Essas jovens estudantes querem, a partir dessa matéria, instituir na escola uma campanha de conscientização dos alunos para que as pichações deixem de ser uma questão do cotidiano.

Minha primeira visita na Brás foi gratificante, pois fiz uma matéria de serviço, dando voz a muitas pessoas que vivem na escuridão. A segunda matéria foi extremamente inédita para mim e muito divertida, a matéria dos gansos. Agora, fecho com chave de ouro a minha passagem pelo Jornal Enfoque Vila Brás, tendo a certeza do quanto o Jornalismo se encaixa no meu dia a dia. Não vou dizer adeus para a Vila Brás, pois espero que um dia eu volte lá, nem que seja de passagem. Aos alunos de Jornalismo que estão receosos em fazer essa cadeira de Redação Experimental em Jornal só tenho a dizer que a façam, sem medos e sem preconceitos. O que fica são a experiência, a vivência e a saudade. Vila Brás, o meu “até logo”.

Impressões de repórter

Luciano Nunes

Falta de efetivo da polícia resulta em crescente número de delitos no bairro

Foi realizada no sábado (16), a última visita dos estudantes de Jornalismo à Vila Brás. Assim como nas vezes anteriores, os estudantes foram “largados” no meio do bairro com o desafio de encontrarem suas próprias pautas.

Me lembro que ainda na segunda visita, um morador já havia me dado uma idéia de pauta, o que facilitou e muito o meu trabalho nesta terceira visita.

Segundo o proprietário de um bar, na avenida Leopoldo Wasun, no início do mês de setembro, havia acontecido um homicídio, no local.

Afim de descobrir como funcionava o atendimento da Brigada Militar no local, eu resolvi abordar este tema na minha matéria.

Conversei com a Brigada Militar e com a Guarda Municipal e ambos os órgãos apontaram a falta de efetivo, como a principal causa da falta de patrulhamento no local.

Sempre que possível, viaturas realizam patrulhas diárias no local. Segundo informações colhidas com moradores, o atendimento aos chamados demora muito para acontecer, isto quando simplesmente não acontece.

Como um balanço das três visitas, eu considerei extremamente positiva, deixar com que alunos tenham liberdade de escolher suas próprias pautas. O desafio apurar os fatos em um lugar desconhecido, conversando com pessoas simples, que em muitos casos sentiam até vergonha de conversar, foi uma experiência muito próxima das redações de grandes jornais, que vivem com este tipo de situação diariamente.

A última visita

Thaís Jobim


Depois de ter ido duas vezes vistar a comunidade, pela primeira vez percebi que estava perdida. Minha pauta anterior a que tinha pesquisado, havia caido. Então vi que esta visita iria ser mais dificil que pensava. Demorei muito para achar uma matéria que chamasse a minha atenção, pois, todas que tentei antes já havia sido feita. Desespero! Quando era quase 11 horas da manhã surge uma matéria um pouco comum pelo meu ponto de vista, mas que eu daria um foco diferente. Mas no fim fiquei aliviada, e espero que possa ter ajudado de alguma forma aquelas pessoas que atenciosamente me atenderam.

O filé da vida

Eduardo Herrmann

Na primeira ida à Vila Brás, pisei em um lugar desconhecido aos meus pés, mas não aos meus olhos. Já havia vislumbrado algumas particularidades da Avenida Leopoldo Wasun através da janela do ônibus. Muito andei com a famosa linha que vai de São Leopoldo a Novo Hamburgo e, no meio do trajeto, faz uma breve incursão à Vila.

Nas inúmeras vezes que passava por lá, observava com curiosidade a simplicidade do lugar e dos moradores que embarcavam e desembarcavam no bairro. Mas talvez o que mais me chamava atenção eram as crianças.

É difícil ver, nos lugares pelos quais estamos acostumados a transitar, tantos moleques correndo rua. Na Vila Brás, lembrei da minha infância. Lembrei que os momentos mais alegres daquela época eram jogar bola na rua pouco movimentada, andar de bicicleta, alvejar passarinhos com a funda... Brincadeira! Nunca matei um passarinho na minha vida - sou completamente contra. Mas sempre achei essas atividades outdoor muito mais divertidas que qualquer jogo de computador ou programa de TV.

Na primeira edição do Enfoque, escrevi sobre a falta de um campo decente para os garotos da Brás jogarem futebol, a paixão-mor tupiniquim. Ainda penso que existe essa carência, mas depois percebi que as crianças não se importam tanto com isso.

Na terceira saída a campo, estava eu com o colega André "Gaucho" Ávila, perscrutando as entranhas da Brás, quando avistamos um rapazio composto por cinco simpáticos moleques - posteriormente reforçado por um sexto elemento que, mesmo com o punho e parte da mão enfaixados, não deixou de participar das brincadeiras. Papo vai, papo vem, eles revelaram que usam as casas pré-moldadas em construção do loteamento Padre Orestes como playground para brincar de esconde-esconde. Sensacional. Queríamos ver aquilo e eles, mais do que prontamente, começaram a folia. Logo percebemos que aquilo renderia belas imagens. André se encarregou dos cliques e congelou excelentes cenas.

Talvez será esse meu sentimento final após essas visitas. A Vila Brás, pra mim, significou uma volta ao passado. À infância, o filé da vida.

Vila Brás parte III

 Liane Rodrigues

O sábado de sol na Vila Brás, ainda que com um sono inexplicável, me anima. Animação que se confronta com o desafio de pautar novos assuntos dentro da comunidade, que há alguns anos é uma das disciplinas do curso de jornalismo da Unisinos.

Dessa vez me deparei com situações difíceis, como por exemplo, possíveis fontes que se negaram em dar informações sobre um assunto banal nas vilas: a violência, a prostituição e as drogas. Entendo em parte essas pessoas, mas confesso que queria ir muito além do que consegui naquele dia.

Apesar da mudança de pauta, o resultado foi positivo, pois encontrei uma senhora disposta a mudar um dos tantos problemas sociais da população menos favorecida que existe em nosso país. Dona Elenara, uma senhora simpática me contou com entusiasmo de um projeto sobre trabalho e geração de renda para as mulheres da Brás.

A proposta é de valorizar o trabalho de tantas outras mulheres que hoje se encontram fora do mercado de trabalho, além disso, elas buscam parcerias e frisam ainda que toda ajuda é bem vinda, pois estão em processo de criação do projeto. Quer saber mais? Confere na próxima edição do impresso Enfoque Vila Brás.

Neofeminismo Pentencostal

Simone Núñez Reis

Na segunda ida a La Brás, fui acompanhada da fotógrafa Thayná Cândido, e mais empolgadinha em pautar matérias naquele sábado tão passionnant!

Ao descer e percorrer algumas quadras na comunidade, meus olhos vidraram em uma senhora de cabelos longos grisalhos que trajava tailleur pink e pregava como douta no culto pentecostal. 

Parei na porta seduzida por aquela voz segura e pensei: - Só pode ser pastora!
Pude conhecer de perto a tal senhora, portadora de um nome tão forte quanto sua personalidade. Leocádia Hasper na plenitude dos seus 61 anos hormonalmente pró-ativos. 

A líder espiritual irradiava tanta atitude para as pregadoras do “Círculo Feminino de Oração Lírios do Vale” que fiquei hipnotizada. 

Enquanto a fotógrafa clicava os momentos do culto, outro vozeirão chamou minha atenção: o da cantora gospel Solange, assim como a clara locução das preces de Clair me fizeram imaginar os “Lírios” como “vereadoras, delegadas de polícia, teólogas ou filósofas”. 

Naquele instante percebí a neofeminilidade impregnada no discurso pentecostal e em transe “Beauvoireano”, revisitei conceitos e generalizações semióticos que vão muito além das escrituras, comprimento das saias e coques de cabelo. 

Au revoir à toutes lês femmes!


domingo, 24 de outubro de 2010

Do outro lado da ponte

Adriano de Carvalho

Nas primeiras duas vezes que fui na Brás, sempre percebi um lugar que me chamava a atenção. Não só pela distância que ficava da Av. Leopoldo Wasun, mas também pelo caminho tortuoso que deveríamos enfrentar para lá, enfim, chegar.

O Luan Iglesias e a fotógrafa Fabiana Eleonora, meus gloriosos companheiros em busca de histórias na Brás, toparam na hora quando sugeri que fôssemos até a estação de tratamento de esgotos da vila. Para chegar lá, enfrentamos pontes improvisadas e barrancos não lá muito simpáticos com a nossa equipe. O tempo, ao menos, era bom. O que tornou nossa jornada por aquele local algo um pouco menos tortuoso.

Entretanto, o que nos motivava era a sensação de explorar algo distante, que ficava longe dos tradicionais pontos da Brás.

Quando chegamos no local, percebi a importância do trabalho que era realizado ali. A estação recebe detritos provenientes não só de São Leopoldo, como também de Novo Hamburgo. Não é pouca coisa.
O bombeiro Agmar Vargas trabalha durante todos os dias da semana lá. E controla tudo sozinho. Ele nos mostrou toda a estrutura da estação e nos contou que até já encontrou um sofá inteiro nos filtros do canal de esgoto.

Sem dúvidas, é um esforço admirável. De alguém que luta incansavelmente contra a poluição.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Peônias embaixo d'água

Adriano de Carvalho

A energia do senhor Mário Antônio Moraes ao apontar os problemas que aconteciam na Rua das Peônias era tamanha que me intimidava. Uma rua esquecida, que se transformava em puro barro ao entrar em contato com os primeiros pingos de chuva que caíssem ali. Mário, ao perceber meu interesse pela história, fez questão de chamar seus vizinhos, os quais se puseram a contar diversos ocorridos advindos do descaso da prefeitura com o local.

Moradores com 10, outros com 20 anos de residência no mesmo local e passando pelas mesmas dificuldades durante todo esse tempo. A secretaria de Habitação de São Leopoldo, em sua versão, enumera questões contratuais do financiamento da obra. Não anuncia prazo de resolução. Diz que faltam ajustes no contrato com a Caixa Econômica Federal.

Enquanto isso, como o próprio Mário afirmou de forma categórica durante a entrevista, os moradores da Rua das Peônias permanecem como os "Esquecidos da Brás".

Jorge e a pirataria

Ângelo Hector

Nas três vezes que visitei a Vila Brás encontrei diferentes níveis de dificuldade para definir uma pauta para o Enfoque. Entretanto, neste sentido, a segunda visita foi a mais tranqüila. Na calçada da Leopoldo Wasun avistei um cartaz do filme Prince of Persia e lembrei que, na noite anterior, havia feito o download do mesmo. Desde que possuo acesso à internet e, consequentemente, aos seus inúmeros arquivos disponíveis, nunca mais voltei a freqüentar uma locadora, hábito comum ao longo dos anos 80 e 90. Dois dias antes de visitar a Brás havia lido uma nota que relatava o pedido de concordata feita pela gigante Blockbuster, sinal claro de que os inúmeros downloads feitos diariamente (incluindo o meu) causam, sim, algum dano. Sendo assim, conversei com Jorge Soares, proprietário da Jorge’s Lan, para saber quais alternativas ele adotou para driblar a pirataria e impedir que seu negócio, iniciado em 1996, tenha o mesmo fim de inúmeras locadoras.

A Segunda Vez é Melhor Ainda

Tarcísio Bertim

A primeira vez é sempre inesquecível. Nervosismo, expectativa e, quando chega a hora, já acabou. Logo pensamos que a segunda vez vai ser mais bem aproveitada, que já estamos preparados; então a tal expectativa existe novamente. Mas desta vez não é medo do desconhecido. A ansiedade vem da vontade de fazer melhor. Falhei de cara na segunda oportunidade.

No sábado, dia 25 de setembro, haveria a segunda saída para a Vila Brás. Não pude ir. Precisei agendar para a quarta-feira seguinte, já temendo que não fosse a mesma coisa. Não seria a mesma emoção, seria como comida de ontem requentada, não só para mim, mas para os próprios moradores que eventualmente eu fosse abordar. Todos esperam que o enfoque apareça em algum sábado, como uma religião, nunca na quarta-feira. Pois bem, segui meu caminho herege.

De um lado a outro andei. Parecia que a monotonia de uma tarde no meio da semana atacava minha capacidade de pensar. Nada era interessante a minha percepção. Nada acontecia. Sentei-me em frente a um bar fechado na Rua Leopoldo Wasun e esperei que as idéias fluíssem. Enfim entendi o que significa a relação inspiração/transpiração: quando minha mente se iluminou com uma boa pauta, era hora de colocá-la em prática. 

Percorri os bazares e mercados (que são infinitos na principal rua da Brás) fazendo um levantamento interessante: os estabelecimentos ainda vendem no fiado no famoso caderninho? Descobri algo mais interessante ainda: não. Os comerciantes estão investindo nas máquinas de cartões de crédito. É a modernidade chegando à Vila Brás em todos os sentidos. Digo isso, pois percebi rapidamente que a Brás deixou de ser uma comunidade pequena e isolada faz tempo. Os donos de estabelecimentos não querem vender fiado por medo de calote e os cartões de crédito, por sua vez, são uma realidade para os moradores.

Esta segunda matéria me deixou muito mais satisfeito do que a primeira. Não pela matéria em si, mas por meu próprio trabalho feito nela. Nem me importei que as fotos não saíram na edição, nem que o texto deveria ser pequeno e não havia espaço para a metade do que eu gostaria de contar. Ter certeza de que a segunda vez foi melhor é o que valeu.

No fim, a comida requentada teve um sabor muito melhor do que se consumida no dia certo. Tipo pizza no dia seguinte.

O olhar de Dona Alzira

Luan Iglesias


Acessar a Vila Brás em um sábado pela manhã nos ensina a ver a vida por outro ângulo. Cotidianamente é o que busco, é o que anseio. Às vezes parece difícil deixar os pré-conceitos de lado e fugir do “jornalismo de aspas”. É difícil. Não impossível. Acredito que há mais por detrás das cortinas da Vila Brás. Afinal de contas, desembarcar de um ônibus com bloco de notas e canetas em mãos não podem ser requisitos básicos para encontrar uma pauta. O que deve ser exercitado é olhar de cada repórter. E naquela manhã de sábado, foi um olhar, em especial, que me chamou a atenção. 

Eu estava na companhia dos colegas Adriano de Carvalho e Fabiana Eleonora. Entregávamos aos moradores da Vila a edição anterior do Enfoque. Quando vi Dona Alzira, escorada no marco da varanda de sua casa, em uma rua qualquer, em um momento qualquer, pensei: é aqui. O olhar de Alzira transmitia um universo de sentimentos. Não era só tristeza. Não eram só feridas. Ela tem um sonho. E por menor que seja, Alzira pensa em realizá-lo.

Aquela senhora analfabeta realmente mexeu comigo. Ela carrega uma história de vida memorável. Mas, agora, Alzira mergulhou num cenário repleto de conformismos. Ela não se importa se é diabética, se não sabe ler, se a filha é dependente química, se não tem dinheiro para comprar remédios. Ela reclama. Não se importa. O que dona Alzira me demonstrou na reportagem realizada para o Enfoque se resume em uma viagem ao passado: “Gostaria muito de encontrar uma comadre que não vejo há muitos anos”, confessa. Eu pergunto: “Este é seu sonho?” A voz de Alzira ecoa: “É o único sonho que tenho...”. 

A Vila Brás é uma escola dos olhares incomuns. 

Como aquele, de Dona Alzira.

Uma história boa de ser contada

Pedro Luis de Holleben Bicca


Uma Vila pode ser denominada por muitas pessoas, um local perigoso. No entanto, mesmo com o perigo, atribuído a pobreza em que grande parte dos moradores vive, são lugares onde visinhos tem contatos uns com os outros, às vezes de modo positivo, às vezes de modo negativo.

Observar como essas pessoas se relacionam uns com os outros, dentro de seus nichos é uma tarefa que se te deve o mínimo cuidado, a atenção é algo primordial nesses casos, pois não é fácil ver além de nossas opiniões.

Na primeira ida à vila, pude desfrutar do sorriso daquele velinho simpático, curioso às eventualidades que aconteciam nas imediações no pequeno centro de comercio de sua família. Foi ai que decidi, na próxima ida a Brás iria tentar observar melhor, a impressão que tive do “marquinho”, do dia que o conheci.

Creio eu, repórter também deve contar com sua intuição, pois a minha acredito que estava certa. Os acontecimentos na manhã da segunda visita renderam uma ótima construção de uma matéria, em que a simpatia, e o sorriso de um velinho surdo e mudo com a comunidade local, era a pauta.

Primeira vez, ainda

André Ávila

Na segunda visita à Vila Brás já sabemos de alguns caminhos. Primeiro já sabemos onde não ir buscar uma matéria, não repetimos fontes nem procuramos os mesmos assuntos, personagens, nem mesmo a mesma rua. Esse é o primeiro passo. Depois disso, resta pensar em tudo o que há de novo, ou seja, novamente partimos do zero, conversando com os moradores como se fosse a primeira vez, ainda.

Conversando com alguns moradores no meio da rua, na parada de ônibus, ou tomando o chimarrão na calçada, entrei uma mulher que, orgulhosamente, dizia trabalhar há 10 anos com carteira assinado e com apenas três faltas no trabalho – todas justificadas. Disse que era bem caprichosa com sua casa, cuidava de todos os detalhes, coloria o que podia e quando podia. Na minha cabeça ficou a vontade de registrar o cuidado da moradora com sua casa, no loteamento Vila Brás 3. Após perguntar se eu poderia conhecer sua rua, logo sua casa e escrever sobre isso, a jovem moradora gostou da idéia, porém estava saindo do bairro em direção ao seu trabalho. Depois de uma conversa que poderia render uma boa pauta, voltei ao início. Mas por curiosidade fui procurar a casa. Não encontrei.

Encontrei, sim, seu Pedro. Simpático morador do mesmo bairro que a não-entrevista de antes. Logo no começo da conversa Pedro disse estar satisfeito com a nova vida, novos vizinhos e que não pretendia sair do atual endereço. E na frase seguinte deu a minha pauta. “Esses dias mesmo, me ofereceram R$3 mil pela casa, mas não aceitei”.

A matéria seria sobre a venda de casas recebidas do governo, pela reapropriação ou reassentamento, que alguns moradores acabavam por fazer. O ciclo vicioso da casa própria e invasões. Seu Pedro preferia ficar onde estava; outros preferem andar aos passos de caranguejo.

A dura realidade

Matheus Cardoso


Na segunda saída de campo à Vila Brás foram muitas as situações vividas. Ao desembarcar do ônibus e ir atrás da tão esperada pauta o que aconteceu foi incrivelmente o contrário, a pauta veio atrás de mim. Foi enquanto acompanhava uma colega em suas entrevistas com os moradores que uma senhora veio até mim e relatou as queixas da comunidade sobre o posto de saúde da vila. Com as informações passadas e mais umas coletadas com outros moradores eu estava com a pauta pronta. 

As reclamações sobre o atendimento e os serviços prestados pelo posto eram muito graves. As pessoas queixavam-se de falta de profissionais e de descasos no atendimento ao público.

Como falei acima sobre as situações terem sido várias, a mais chocante delas foi quando junto de mais duas colegas conhecemos uma região da Brás totalmente sem saneamento básico.

Esse episódio só contarei na próxima postagem, pois será minha pauta para última publicação.

O terceiro sábado

José Frederico Dilly


Sem querer, comecei o terceiro sábado de Brás com um pedaço de lixo nas minhas mãos. Caminhei a avenida inteira e não encontrei nenhuma lixeira pública. O que existia eram uma ou outra daquelas lixeiras tipo grade, que alguns moradores, por iniciativa própria, instalam para depositarem seus sacos de lixo caseiro. Como meu caso não era o de quem carregava uma sacola de lixo, e sim um pobre e pequeno pedaço de papel, fui desafiado a não cair na tentação de jogar o lixo no chão e encontrar um lugar onde pudesse descartá-lo. Só sei que encontrei isso em um lugar bem longe de onde tinha começado, e isso foi o mote pra minha terceira matéria – a falta de lixeiras públicas na vila.

No mais, a terceira ida nossa transformou a Brás em um lugar bem habitual a mim, pelo menos. Os cachorros, o churrasco no meio da rua, as ruas estreitas, o vasto comércio já não me estranhavam mais. E, depois de três vezes naquele lugar, posso dizer: fazer um jornal na Vila Brás foi uma experiência boa.

Imprensa Marrom

Liege Freitas


Na edição anterior contei a história de uma menina de 12 anos chamada Micaela que sonha em ser jornalista. O que eu não contei foi como eu a conheci.

Era mais um sábado na Vila Brás, e quando descemos do ônibus, às 9h30, saímos às catas de uma pauta que fosse interessante e única. Depois de caminhar para lá e para cá, com o meu colega Leandro Vignoli, pelas tantas vimos uma lan house e locadora, resolvemos parar.

Já tinha dois colegas fazendo uma entrevista com o dono. O Leandro pensou rapidamente e resolveu fazer uma matéria sobre Orkut e rede sociais. Eu continuei viajando em pensamentos sobre o que ia fazer, já que o tempo estava começando a ficar bem apertado. Ele entrevistou uma menina que estava na frente do estabelecimento, que por acaso era filha dos donos. Quando ele saiu para entrevistar a mãe da guria, eu fiquei conversando com ela. E foi nessa conversa despretensiosa que eu descobri o que Micaela queria ser quando crescer. Quando ela me disse que queria ser jornalista porque gostava de se comunicar, de ler, escrever e, principalmente, porque ela via os alunos, nós, nos sábados de manhã circulando pela vila e achando que aquilo era muito legal e que era o queria fazer também. Então pensei –“Tá aí uma pauta legal”.

Quando contei pro meu colega Leandro sobre a minha pauta. Ele ficou dizendo – “Isso é imprensa marrom. Tu roubou a minha fonte. Não pode!!!”. No inicio me senti meio mal, e constrangida, porque de certa forma eu realmente roubei a fonte dele. Mas parei. Pensei. E cheguei à conclusão de que a culpa não era minha se ele não tinha feito perguntas além da pauta dele e conversado com ela.

Sinto muito Leandro, mas ninguém mandou não conversar e saber sobre a vida da sua fonte. E obrigada pela pauta!

Bye bye Vila Brás

Suélen Faustte Dal’Agnol


Novamente seguindo em direção a Vila Brás, mas desta vez com uma pré-pauta sugerida por um morador. Seria meio caminho andado se quando tivéssemos chegado não houvesse falecido um morador, logo a pauta da capela mortuária em péssimo estado acabou ‘caindo’. Prossegui e como em todas as outras idas a Brás, sem um foco certo. 

Ao entregar os jornais no comércio uma moradora sugeriu outra vez uma pauta, no entanto, não falou que o assunto que ela recomendou ficava a diversas quadras do local onde nos encontrávamos. Tudo bem, caminhar pela manhã faz bem a saúde. Encontrei a farmácia citada, porém não esperava por um funcionário mal educado e sem paciência. Comecei a conversar com outro que se encontrava no local, onde consegui concluir a pauta.

Sai insatisfeita e comecei a procurar outra pauta. Ao conversar com os moradores do início da Vila Brás, constatei que a maior parte deles não faz à mínima ideia o que é o jornal Enfoque. Prontamente expliquei, todos ficaram interessados, então fica a dica para a próxima turma, não fiquem apenas onde o ônibus os deixa, percorram as ruas e conversem com os moradores.

Estar na terceira edição do jornal é: ter um objetivo concluído, conhecer diversos moradores e um local diferente, porém ter de dizer adeus ou um até breve Vila Brás.

Economia e moda na Brás

Liane Rodrigues

Falar em moda em uma comunidade como Vila Brás pode parecer uma tarefa e tanto, mas não é.

Essa foi a pauta que fiz na minha segunda visita ao local.

Com diversas lojinhas, botiques e brechós fica fácil fazer um visual bonito e barato.Descobrir através dos olhos atentos de Carla, a dona do brechó, que com uma boa conversa e uma analisada no estilo de cada um(a), a pessoa sai bem vestida e pagando um preço bem popular, ou como diria o ditado, de banana.

Uma blusa pode custar a bagatela de sete reais, uma calça jeans, quinze, e um par de sapatilhas, doze. Ou seja por menos de R$40 você estará pronto para qualquer ocasião, desde a mais casual até a mais formal. E ainda ganha dicas e sugestões da proprietária que está sempre ligada no mundo da moda pela TV e pelas revistas segmentadas.

Mais interessante nessa história é saber e contar para os leitores do Enfoque, que para falar de moda não precisa ser nenhum expert, mas sim gostar, como justificou a minha entrevistada. E com uma diversidade tão grande de roupas, calçados e acessórios dá para garantir o visual desejado.

Despedida da Brás

Rogério Bernardes

No sábado (17), fui pela terceira e última vez com o Curso de Jornalismo na Vila Brás. Minha pauta desta vez foi tentar descobrir Leopoldo Wasun. Este personagem da história dá nome à principal rua do local.

Entrevistei alguns moradores e todos disseram desconheceram a “tal figura”.

Neste momento, ainda estou na pesquisa sobre Leopoldo Wasun, e para minha surpresa, depois de diversas entrevistas, pouco achei sobre ele. Isto que ele dá nome a rua, escola e loteamento em São Leopoldo.

Quanto a Vila Brás, nesta última visita, a conclusão que chego é que o local é de gente, em sua maioria, de paz, trabalhadores e amigos.

A segunda vez na Brás

Rogério Bernardes

Voltando pela segunda vez na Vila Brás, já estava familiarizado com o pessoal. Na primeira matéria havia falado da Lancheria Bom Gosto que oferecia lanches e bebidas “bem em conta”.

Nesta segunda pauta, resolvi provar o Xis Salada que custava apenas R$ 3,00 e dizer para o público se além de barato, o lanche era gostoso.

Na maior simpatia, a proprietária Eva Buratti fez o lanche e serviu dizendo que eu ia gostar. Gostei e escrevi sobre isto.

Fui embora da Brás novamente com o sentimento de alegria, pois ali, naquele momento, a estrela principal eram eles, os trabalhadores da Brás, e em nenhum momento eles esconderam que estavam gostando deste fato.

Simplesmente adorável

Priscila Carvalho

Minha passada pela Vila Brás terminou da forma mais fofa possível. Na realidade, minha pauta ia ser totalmente diferente. Eu e seu Zé falávamos sobre uma história triste, mas daí apareceu, literalmente, a Fusi. A cadela foi um achado, porque não estava nos meus planos contar a história de uma cachorrinha que ajuda na agropecuária do dono. Nunca imaginei encontrar uma cadela que leva o dinheiro pro dono e devolve o troco para o cliente. 

Estava um pouco ressabiada em fazer novamente uma matéria que eu não fosse feliz no meu texto, mas finalmente na última ida à Brás, redigi um texto sobre uma pauta que eu adorei fazer. A Fusi era simplesmente adorável, uma gracinha de cadela. E quando achei que aquele lindo animal era o único de seu Zé, me deparei com um labrador preto mais lindo ainda, o Maguila. 

Maguila é muito brincalhão, dava a patinha e pulava na frente da câmera da Sú (minha fotógrafa). Juntos, Fusi e Maguila me conquistaram, por isso que acabei admirada pela Vila e seu enredo de envolventes histórias.
E deixo registrado aqui, meus agradecimentos às minhas fontes que me ajudaram a fazer as matérias do Jornal Enfoque Vila Brás e mais do que isso que, com toda a simpatia do mundo, me atenderam e reservaram um pouco do seu tempo para conversar comigo.

A volta

José Frederico Dilly


Na segunda ida já temos a Brás como um lugar conhecido. Os caminhos são mais curtos e as pautas já aparecem mais nítidas à frente. No meu caso fui em busca de pessoas que estivessem usando o sábado para um trabalho pessoal, voluntário, enfim, algo fora de seu trabalho normal e corriqueiro da semana – como o rapaz que se empenhava, acompanhado do pai, na construção de uma grade em frente à casa recém comprada.

Foi também o dia em que o jornalista virou jornaleiro, e as pessoas da Vila tiveram em mãos o resultado daquilo que foi produzido alguns sábados atrás. E, depois, o que mais se viu naquela manhã foram moradores lendo o Enfoque. Deu pra notar que o jornal é lido com gosto por lá.

O enfoque na Vila Brás

Roberta Roth

Depois de duas visitas, a nossa terceira ida à campo me desanimou. Além do cansaço físico e mental das minhas diversas atividades durante aquela semana, o clima não ajudava. O dia estava abafado e, além do calor, as ruas exalavam o cheiro dos banhados secando. Nada agradável. Dessa vez deixei minha falta de esperança de encontrar uma boa pauta tomar conta do meu espírito de jornalista.

A ideia inicial dessa edição era de produzirmos em parceria com os moradores, sobre alguma pauta que lhes interessasse, e que eles próprios escrevessem, apenas seguindo nossas diretrizes. Será possível notar que nem todo o jornal foi produzido assim. Tentei chegar o mais próximo disso, o mais próximo que minha pouca agilidade e poucas esperanças me permitissem. Queria algo que mostrasse a cara do povo do local e a importância das nossas produções nas vidas deles. Um feedback.

Meu feedback foi se transformando, conforme o tempo ia se encurtando, numa enquete. Chamei um fotógrafo e fomos à caça de imagens e opiniões que identificassem a Vila Brás e o que o Enfoque faz por ela. As opiniões não diferiram muito, apesar de ter buscado fontes de níveis sociais, idades e profissões bem diferentes. E, infelizmente, não encontrei ninguém que não gostasse do jornal para fazer o contraponto, a crítica construtiva. Fica como tarefa para alguém que quiser uma pauta "arriscada" buscar pessoas que não gostam do jornal para que elas possam mostrar o lado negro da força.

A segunda visita

Roberta Roth


Chegamos no nosso destino e meu futuro era incerto. Ou seja, não tinha a mínima ideia do que fazer. Comecei pela parte mais fácil: distribuir os jornais pelo bairro, com prioridade para as pessoas que tinham sido minhas fontes naquela edição. Eu e alguns colegas fomos longe distribuindo e procurando denúncias, novidades, qualquer coisa que rendesse uma boa matéria.

Acho que quando partimos, éramos cinco. No meio do caminho fomos nos perdendo, conforme alguém tinha uma ideia e ia atrás dela, os outros seguiam a procura das suas. Passei na frente de uma casa com um papagaio, e fiquei o observando como tinha feito na nossa primeira visita à Vila Brás. Só que desta vez o morador estava ali, trabalhando. Entreguei o jornal, perguntei sobre os bichos, 3 cães e a ave. Começamos a conversar e descobri minha pauta! Um perfil sobre um senhor que trabalha por prazer, para preencher o tempo.

Quando virei as costas para avisar os amigos que era aquilo, que tinha achado minha pauta, eles já estavam caminhando, de costas para mim. Depois de uma boa conversa, avisei o entrevistado que precisaria voltar com um fotógrafo. Segui o caminho em direção ao ponto de encontro dos estudantes e, ao virar a esquina, dois moços bonitos com câmeras na mão! A sorte estava comigo. Voltamos lá e enquanto fotografavam, ambos conversavam com o meu entrevistado.

Para quem saiu do ônibus achando que ia ser difícil, correu tudo muito bem e antes das 11h eu já tinha terminado tudo, até um rascunho inicial da minha matéria. nho inicial da minha matéria.

Última pauta

Gutiéri Sanchez

Na segunda saída eu procurei andar pela Vila Brás e conhecer os loteamentos custeados pela Trensurb, por causa da remoção das famílias que moravam na Av. Mauá, onde passará o trem. De certa maneira você se sente feliz em saber que a maioria de quem habitava aquelas residências todas iguais está bem melhor do que na casa anterior. Chamou-me a atenção que as casas nas faces mais curtas das quadras eram térreas e tinham rampa de acesso com corrimão. 

Um homem me contou que gostaria de ver sobre estas casas especiais no Enfoque Vila Brás. Não peguei o nome dele. Isso me faltou na hora de falar para os professores. Quando desci do ônibus, fui direto para os loteamentos. Parecia que conseguiria facilmente algumas fontes para minha matéria. Não foi bem assim. Um homem que morava em uma dessas casas era cego. Mas não estava em casa.

Uma senhora com dificuldades para se locomover também na encontrei. Cheguei a pensar em outra coisa. Foi aí que encontrei o homem que me falou sobre as casas especiais de um casal de idosos. Fui muito bem recebido pelo seu* Godolfino e a dona* Eva. Certifiquei-me mais uma vez com a dificuldade que muitos brasileiros têm na vida. Principalmente os menos esclarecidos e idosos. Pelo menos a casa dele foi feita com certas preocupações em relação à suas dificuldades para andar.

Desta pauta eu gostei. Talvez tenha sido a mais interessante das três. Novamente o exercício com pouco espaço foi desafiador. É sempre um pouco incômodo ter de escrever pouco, mas estou acostumado já. Ficam muitas lições e boas lembranças destas três saídas, dos professores, das aulas, das edições na Agex, da turma e da Brás...

Não saiu como esperado

Gutiéri Sanchez

Com a união do Google Earth e da volta que dei pela Brás na primeira saída, ficou um pouco mais fácil andar e se localizar. Desta vez demorei bastante para achar minha pauta. Todo mundo quer fazer algo diferente. Naquele universo todo da Vila Brás, os assuntos são os mesmos. Por isso que muitos dos colegas optam por cases e histórias mais singulares.

Comecei a entrar nas ruas e percebi de longe que tinha um carro no fundo da rua. E no meio dela, é claro. Logo nas primeiras casas da Rua 13 (que confesso não ter encontrado no Google Maps depois) eu me deparo com a frente de uma casa repleta de gaiolas com canários e mais um monte de passarinhos que nem sei a espécie.

Segui adiante acompanhado pelo fotógrafo Guilherme Barcelos. Quando chegamos no final da rua percebemos que aquela Caravan estava há bastante tempo ali. As mulheres que lavavam uns tapetes por cima do carro fizeram cara feia e não quiseram conversa. Tudo bem. O Guilherme pegou umas fotos do carro no meio da rua, o esgoto acumulado nela. Só os passarinhos que o dono havia sido ríspido com outros repórteres e preferimos deixar sem foto mesmo.

Na subida de volta na rua, encontrei a família Brás e perguntei o que eles gostariam de ver no Jornal. Não entendi bem no ônibus o que o Véras disse as pautas sugeridas e fiz a matéria com eles. Não gostei dessa minha segunda matéria. Muito pouco espaço para contar com mais detalhes minha ideia de singularizar a rua. Desviei para o saneamento e iluminação e não deu muito certo.

Fonte atraída pelo cheiro do churrasco

Gutiéri Sanchez

A primeira saída pra Vila Brás era cercada de muitas dúvidas e entusiasmo. A ideia de ser colocado em um local que ninguém (pelo menos a maioria) conhecia dava o famoso “friozinho na barriga”. Mas o desafio é bom. Logo após um início de reconhecimento do terreno, nos espalhamos em casas, padarias, lan houses, farmácias, igrejas, escolas, lojas, mini-mercados... Tudo que tinha um portão era a chance de entrar e conseguir uma pauta. 

No caso da minha primeira, o portão ficou aberto, pois minhas fontes estavam na calçada. Eu já tinha visto do ônibus aquele casal, principalmente seu* Valduir, grande, fazendo churrasco. Talvez poderia ter procurado mais, mas é incrível como cada pessoa tem um universo próprio e uma história para contar. Fiquei ali e não me arrependo. Muita conversa com ele e sua esposa Lenir e aquele pensamento na cabeça: “Está faltando uma fonte. Mas tudo bem, pauta e coleta de dados e imagens. Tudo pronto”.

Quando vou atravessar a calçada para ir ao bar – onde todo mundo resolveu ficar entre uma matéria e outra -, chega um cara com macacão de construção civil e pergunta os preços pede para levar um espeto. Voltei , conversei com ele. Quando ele me disse que tinha se mudado há pouco para a Brás e procurou o churrasco pelo cheiro que a fumaça fazia, não precisei de mais nada. Achei o que faltava.

Impressões do repórter

Rafael Soares Martins

A última saída de campo à Vila Brás foi diferente. A ideia era saber o que os moradores gostariam de ler no Enfoque. Mais uma vez, a receptividade da comunidade para com o pessoal do Jornal Enfoque foi maravilhosa. Incrível como nos recebiam e recebiam o jornal.

Enquanto coletava informações pude notar que as pessoas gostavam de ver no jornal e apontavam cada cidadão que conheciam, podemos dizer que conheciam todos os personagens, mesmo que a vila tenha uma população de mais ou menos 10 mil pessoas. A cada novo personagem uma frase ou palavra sobre ele.

Quando da pergunta sobre o que queriam ver, a resposta foi quase unânime. Queriam algo relacionado ao extenso número de pessoas, carros, carroças, animais no meio da rua. Porque não utilizavam a calçadas. Quem sabe? O ponto de maior preocupação também foi unânime: as crianças soltas frente à escola municipal Maria Edila da Silva Schimidt.

Como descrevi na matéria, a minha parte está feita. A matéria está escrita e espero que o jornal chegue aos braços dos moradores e dos responsáveis pela rota da Brigada Militar na Vila Brás. Sou defensor de que as cidades priorizem ciclistas e pedestres, mas o importante é que todos tenham o seu espaço.

Da lama ao caos

Eduardo Herrmann

Escolhi bem o calçado para a segunda visita à Vila Brás. Botinas de couro. Após alguns dias de chuva, algumas ruas estavam quase intransitáveis. Pisando em muita lama, cheguei, sem saber, na Vila Leão. Passei rapidamente os olhos por um lugar que parecia um potreiro. Olhei com mais atenção, constatei que se tratava de uma rua e notei que duas casas daquela via tinham carros na garagem. "Como diabos esses carros saem e entram dali? Mal dá para chegar a pé", matutei. Ao apurar, descobri que a tal rua se chama AVENIDA 31. O gênio que deu esse nome tem um senso de humor deveras requintado...

Colhidas as informações e tiradas as fotos, voltávamos para junto do restante do pelotão quando, em outra rua, uma cena curiosa foi registrada em uma bela imagem clicada por Leandro, o fotógrafo. Uma mulher atravessava a rua em cima de uma tábua, que servia como ponte improvisada, para "resgatar" sua filha, que brincava na calçada, única parte que se mantinha livre do lamaçal. Em breve postaremos essa foto, que retrata muito bem o que aguarda os moradores da Vila após dias seguidos de tempo chuvoso.

Ela também encontrou o sorriso

Lílian Stein

Eu sabia, de certa forma, o que me esperava na segunda ida à Brás. Naquela manhã, além de bloco e caneta, eu levava também as lições que havia tirado da primeira visita. Consegui deixar de lado qualquer julgamento precoce, o que fez com que eu passasse a ver a comunidade como um poço de histórias que, independente da maneira, sempre seriam capazes de me fazer pensar.

Precisava primeiro encontrar as fontes da minha primeira matéria – estavam ansiosas para se enxergarem no jornal. Entrei em uma padaria qualquer porque, como a maioria das pessoas na Brás se conhece, imaginei que alguém pudesse me indicar a casa de alguma das meninas. Então, como em vida de jornalista as pautas surgem nos momentos em que menos se espera, encontrei a personagem de meu próximo texto bem antes do que poderia imaginar.

Tuane Fernandes tem 20 anos. Faz aniversário apenas alguns meses antes de mim. Nossas semelhanças, contudo, resumem-se à pouca idade. Conheci, na segunda visita à Vila Brás, uma garota que contraria os desejos e ambições da maioria dos jovens que conheço – e os meus também. Talvez essa tenha sido a grande lição do sábado, 25 de setembro.

Enquanto eu, acadêmica, planejo a tão esperada formatura, ela estudou apenas até a 8ª série. Meus sonhos, sempre capazes de alçar vôos tão altos, contrastam com o ambiente de uma casa humilde, cujo maior desejo da dona é apenas um espaço maior para criar os filhos que planeja ter. Sua vida resume-se ao trabalho na padaria da mãe e a cuidar do lar que construiu junto ao marido, com quem vive há quatro anos. Não vai a festas, não sai com as amigas – aliás, as amizades foram se perdendo na mesma proporção em que o relacionamento fazia aniversário.

Encontrar uma garota com a mesma idade que eu inevitavelmente me fez pensar em tudo o que tenho e no que construí ao longo dos meus apenas 20 anos. A maneira como vemos o mundo é completamente diferente. Temos objetivos distintos, pensamentos divergentes e sonhos em evidente contraste. Ainda assim, conversar com a Tuane mostrou-me a importância de compreender que existem muitos modos de encontrar um sorriso. Estava certa de que havia encontrado o meu. Fui surpreendida ao ver que, ainda que de modo tão mais difícil e diferente, ela encontrou o dela também.

Coloque o lixo na lixeira!

Débora Soilo

Na última ida a Vila Brás a expectativa era ainda maior. A “concorrência” por uma pauta foi grande, a ideia de algo legal e diferente me fugia, o ponteiro do relógio já batia perto das onze da manhã e nada de eu conseguir fechar uma matéria.

Até que entrei em uma ruazinha e logo me parou uma moça pedindo um “jornalzinho da Vila”, como ela mesma nomeou. Perguntei se ela, Lidiane de Souza, tinha uma sugestão de pauta pra me dar. “Nessa rua não tem um dia em que chova e não alague. Se chover muito tempo não dá pra sair pra rua. Tem casas que, como são muito baixas, acabam sendo tomadas pela água”, indicou ela.

Pronto! Acabava de encontrar minha matéria. Conversando com os moradores da rua, a queixa maior é com o descaso de alguns vizinhos que, por jogarem lixo pela rua, acabam contribuindo com o entupimento das bocas de lobo.

O lixo pelas ruas da Brás é uma característica realmente difícil de não passar aos olhos de quem vai lá. Uma pena, porque isso acaba trazendo prejuízos para os próprios moradores.
Vale o alerta para esta conscientização. Lugar de lixo é no lixo e não no chão!

A segunda ida à Vila Brás

Débora Soilo

Pensei que na segunda ida a Vila Brás estaria mais tranquila, com uma pauta já em mente. Que nada, parece que a coisa complicou! A cada possibilidade de fonte, uma frase que desanimava: “Já fui entrevistado”, e a pauta caia.

Até que me lembrei de, logo que chegamos à Brás, avistar ainda do ônibus, um ponto comercial em que a tatuagem era o negócio. Achei interessante e fui até lá. Pauta garantida, ninguém o tinha entrevistado ainda.

Jeremias Martins é o tatuador, e logo no início da conversa com ele se via a empolgação no negócio, que tem pouco mais de cinco meses. Ele se diz apaixonado pelo que faz e tem motivação para ampliar seu trabalho!

O tatuador leva até a Vila Brás a moda mais cultuada em todo o mundo e se satisfaz com isso. Exemplos como o de Jeremias são muito comuns na Brás: pessoas que correm em busca de um sonho, de uma meta a ser traçada, sem medo do que vem depois, apenas com a coragem e a esperança de que tudo dará certo.

Segunda impressão

Thaís Jobim

Nos dias de visitação à comunidade Vilá Brás, nós sempre percebemos alguma coisa diferente.Sempre muito movimentada, a vila se torna alegre e as pessoas nos tratam bem. Atendendo aos nossos pedidos com muita alegria. É possível fazer um bom trabalho com pessoas que nos tratam bem e facilitam o nosso trabalho na comunidade de São Leopoldo.

Impressões de repórter

Leandro Vignoli

A segunda ida até a Vila mostrou ainda mais mudança de pautas do que a primeira visita. Surgiu a pauta inicial, mais voltada para o editorial Variedades, sobre a grande quantidade de ameixeiras ao longo da Brás. Após, a pauta das redes sociais, sobre o grande número de crianças e adolescentes inseridas nas redes, que ganhou um tom mais crítico, baseado na comunidade do bairro no Orkut, ainda pouco disseminada. Nesse contexto, um morador chamou a atenção dos repórteres com uma reclamação, sobre a quantidade de lixo na pracinha. Optei por compartilhar com um colega, mas nesse caso, se percebeu a grande quantidade de moradores interessados no Enfoque, tanto em pautar matérias com denúncias, quanto na busca pela sua edição do impresso.

Mudança de enfoque

Leandro Vignoli

A experiência na Vila Brás me mostrou que a pauta pode mudar no percurso. Quando cheguei lá, estava disposto a relatar como foram as comemorações do título do Internacional naquela semana. Porém, conversando com moradores, percebi que não houve uma grande mobilização das pessoas em um mesmo lugar, pela hora adiantada da partida, e por ela ter sido transmitida em televisão aberta. Dessa forma, direcionei a matéria justamente para os dias em que há grande aglomeração, como em clássicos Gre-Nal e jogos importantes transmitidos em TV fechada. Para isso, pesquisei alguns bares, e foi no Chuletão Lanches a percepção do local onde a maioria se reúne. Infelizmente algumas coisas precisam ficar de fora na edição, e não pôde ser desenvolvido o contraponto, em que o proprietário do Bar do Alemão, além de não transmitir os jogos, acredita ser de uma enorme bobagem. Valeu pela experiência de mudar a pauta em cima da hora, e ainda conseguir as fontes necessárias.

Lições para uma vida...

Stéfanie Telles

Desci do ônibus na Vila Brás com pouca, para não dizer nenhuma expectativa de encontrar pautas interessantes. Estava cansada de uma semana corrida, com dor de cabeça e ainda gripada. Todos os indícios que tornam o dia um tanto difícil. Porém, mais uma vez, fui surpreendida pelas histórias existentes por lá.
Caminhei por algumas ruas, conversei com alguns moradores, pensei em algumas pautas que caíram no mesmo momento em que surgiram. Até que encontrei uma recenseadora aplicando o questionário do Censo em uma residência. De alguma maneira, achei que isto poderia render alguma coisa, e a verdade é que rendeu uma baita lição de vida.

Conversando com a recenseadora, soube que ela conheceu uma família de 16 pessoas que morava numa mesma casa e possuía uma renda mensal de R$200,00! Conversando mais um outro pouco, ela se lembrou de uma senhora que morava num beco e dizia ter 105 anos. Bingo! Parei a conversa por aí e tratei de descobrir o endereço dessa história peculiar.

Depois de muito caminhar acompanhada de outra recenseadora da Vila, encontramos o beco no qual residia Dona Idalina. O acesso a casa foi difícil, pois havia chovido no dia anterior e a casa alagava com o ESGOTO, pois não há saneamento básico por lá. Conversamos por quase 1h com a senhora de 105 anos, ouvimos histórias de guerra, de sua juventude, seus casamentos, filhos, mas, principalmente, do sofrimento que enfrenta diariamente naquela dura realidade. Realidade em que a faz, nessa altura da vida, calçar galochas para enfrentar o esgoto e chegar à latrina, nos fundos de casa. 

E eu reclamando que meu dia estava difícil.

Fazer o bem sem saber a quem

Suélen Faustte Dal’Agnol

O retorno pode parecer um pouco mais fácil, mas isso se não fosse à época de eleições. A comunidade toda aflita, poucas palavras, e uma única frase dita ‘Volta ai depois das eleições que podemos conversar’, então prosseguimos em busca de alguém disposto a conversar sem receios ou algo inusitado/ interessante que poderíamos relatar.

Ao andar pelas ruas avistei vendedores ambulantes descansando e, como de praxe eram nordestinos. Calmos, tranqüilos, apreciando a sombra da árvore. Conversamos e surgiu a pauta, a família deixada para trás em busca de uma vida melhor. Triste, mas como eles existem muitos outros por todo o mundo.

Após peregrinar diversas ruas da Brás e continuar longe do nosso ponto de chegada, a máquina fotográfica deu problema e encontrei um meio de locomoção mais rápido, prático e conhecido dos moradores, a bicicleta. Passei por uma senhora e como precisava conversar com o professor, mas ir a pé se tornaria demorado, pedi emprestada a bicicleta em que ela andava, a senhora prontamente me cedeu. Após esta atitude fica o aprendizado que confiança e caráter independem do local onde moramos, pois quem disse pra ela que eu devolveria a sua bicicleta? E mesmo sem me conhecer ela emprestou!

Inveja

Roberto Ferrari


Confesso que sinto inveja da Vila Brás. Não aquela inveja prejudicial para quem sente e pra quem é destinada, mas uma inveja boa. É, aquela que está mais para admiração. Moro num bairro simples, com bastante habitantes, mas com nem 50% do calor dos moradores dessa vila especial.

Em apenas uma rua encontro vários bazares, mercados, lancherias, centros de estética e um comércio tão diversificado que dá de dez a zero em muitas cidadezinhas por aí. Isso me encanta. O povo da Brás é empreendedor. Entende que é possível ganhar o seu dinheiro sem precisar ir muito longe. Estuda. Em apenas dois dias que passei ali, já conheci várias pessoas com ensino superior em andamento. Eles não ficam pra trás!

A Vila Brás é um exemplo para todo o Brasil. Todos querem crescer ali e não ficam parados. São unidos. Se existe alguma richa, de algum negócio com o seu concorrente, ainda não descobri. Eles falam com orgulho da concorrência. Tem espaço pra todos. União e determinação, que outro lugar poderei encontrar isso também? Como posso dizer que não tenho inveja? Seria mentira. E, outra coisa: só o que é sucesso é invejado.

Dessa vez foi diferente

Ellen Mattiello

A segunda ida para a Brás foi parecida com a primeira em apenas um aspecto: estava sem uma pauta definida. Tinha apenas ideias. Ao chegar, minha primeira tentativa não deu certo. Em companhia de duas colegas, fui à procura de novidades sobre a Vila.

O fato de já ter estado no local me ajudou a cumprir a missão daquele sábado. Conversei com alguns moradores e consegui desenvolver uma pauta. Além disso, recebi sugestões dos habitantes sobre o que eles gostariam de ler no jornal. Acredito que isso é muito importante, já que nenhum integrante da turma mora no local. Não temos muita noção do cotidiano dos moradores, o que dificulta um pouco na hora de desenvolver um conteúdo voltado para eles.

Ao caminhar pelas ruas, muitas pessoas nos paravam para pedir um exemplar do Enfoque. São essas atitudes que demonstram o quão importante é o nosso trabalho para a comunidade. Espero que a terceira visita seja proveitosa e que surjam boas pautas, que correspondam às expectativas de todos os envolvidos nesse processo onde aprendemos lições de vida e ganhamos mais experiência.

Quando a pauta encontra o repórter

Manuela Teixeira
 

Todo jornalista é chegado numa boa história. E a vila Brás está repleta delas. Uma comunidade que anseia por ser ouvida recebe esse grupo de iniciantes que percorrem suas ruas atrás de pautas.

Literalmente, percorremos mais ruas para esta edição. Menos ansiosos, pois já conhecíamos a vila, nos aventuramos Brás adentro, buscando outras possibilidades de matéria que não se concentrassem apenas na Av. Wasun. A descoberta de notícias, aliás, foi vista com mais ânimo pelos estudantes. Se na primeira visita a maioria se mostrava preocupado em ter de “apurar uma pauta na hora”, na segunda o fato era motivo de expectativa. Já sabíamos que sair de Brás sem matéria é quase impossível, já que, muitas vezes, é a pauta quem acaba por encontrar o repórter e não o contrário.

Foi o que aconteceu comigo na manhã do dia 25 de setembro. Resolvi andar pela vila, observar, conversar com os moradores. Assim, ao entregar os jornais, um deles chamou minha atenção para a troca de correspondências que acontecia na Rua das Magnólias, que gerava transtorno aos que residiam no local.

Por fim, conversei com alguns residentes sobre sugestões de matérias para nossa próxima edição, quando iremos experimentar algo novo no jornalismo: nosso pauteiro será um morador da Brás, que nos acompanhará durante a apuração da matéria. Mais uma vez, o tempo passou rápido e outra manhã chegou ao fim na Vila Brás. Repórteres e fotógrafos reunidos, era hora de voltar à redação.

Uma escolha inusitada

Rafaela Kley

Ao me inscrever na disciplina de Jornal Experimental acreditei que o maior desafio seria a cada visita encontrar uma pauta relevante, interessante e, se possível, inédita. Em nossa segunda visita, caminhei pela Vila Brás à procura desse objetivo. E eu simplesmente não o encontrava. Parecia que as pessoas não queriam conversar naquele dia, estavam cansadas, estavam encabuladas ou ainda sem inspiração. Quando já me remetia ao meu medo inicial, entrei em uma rua onde a colega Daniela Fanti encontrou uma mulher extremamente simpática que tinha uma casa roxa. Fiquei ali conversando, estava achando realmente um máximo aquela senhora que tinha até mesmo na parede da casinha de seu cachorro a cor roxa. 

Resolvi, então, caminhar alguns metros procurando, de certa forma já demonstrando desolação, uma pessoa ou algo que pudesse me fazer enxergar a luz. De repente, minha colega fotógrafa Carina exclamou: “Rafaela, olha isso!”. Eram gansos, gansos que faziam muito barulho ao me ver. Não me assustaram, nem me fizeram ir embora, fui atrás do dono daqueles animais diferentes. Eis que surge a senhora Carmen Rosane Leotte da Silva, uma dona de casa muito simpática e muito querida que me atendeu super bem e falou sobre a paixão da família pelos gansos. 

Mais uma vez saí da Vila com a mente renovada. Com certeza, estas visitas estão sendo uma lição de vida para todos, eu pelo menos quero acreditar que todos estejam aproveitando essa oportunidade. Quer saber a função destes gansos? Leia no jornal Enfoque Vila Brás, edição 124.

Sob Pressão


 Priscila Carvalho
           
            Sair para Vila Brás foi ao mesmo tempo bom e ruim. Bom porque senti o que é ser um jornalista sem rumo tendo que achar uma matéria legal pra fazer. Ruim porque simplesmente não é nada fácil achar uma pauta legal onde já foram feitas muitas pautas.


            Acho que foi exatamente por isso que a minha redação não rendeu o que eu esperava. Tinha uma meta própria de fazer uma matéria original com pontos que o pessoal da Brás gostaria mesmo de ler. Mas, acabei fugindo um pouco dos meus objetivos. Acho que fiquei muito no convencional. Tanto que as correções que recebi em minha redação, deixaram-me decepcionada. Não que eu seja perita no assunto que não possa errar ou aprender mais, só que o fato de não ter escrito bem e ter deixado a matéria confusa num primeiro momento, me chateou.


            Bom, pra resumir, a experiência foi mesmo como tirar leite de pedra, mas valeu como aprendizado. Na segunda saída vou me preparar mais para encontrar melhores histórias e desenvolver uma redação melhor.

O sorriso das crianças

Rodrigo Rodrigues


Ao longo de mais uma manhã na Vila Brás, atrás de pautas para o jornal Enfoque Vila Brás, este que vos escreve, juntamente com a repórter Manuela Teixeira e a fotógrafa Tamires Gomes, percorreu ruas para lá e para cá da comunidade. Na caminhada, sob um sol de rachar, crianças e mais crianças se aproximavam.

Primeiro, vinham em busca de um exemplar da edição 123 do Enfoque. Um chegou a mim tímido: “Tio, dá um jornal?”. Dei e um minuto depois, o guri veio de novo: “Posso levar um para minha tia?”. E lá foi correndo com dois exemplares alegre da vida.

Depois, olhavam admiradas a fotógrafa e sua câmera. Pediam para tirar fotos delas. Separadamente, junto do irmão, na frente da casa, em diversas poses. Sorriso de orelha a orelha.

Incrível como algo tão habitual para nós, pode ser uma baita novidade para outros. Como, por exemplo, para aquelas crianças. Que apesar de todas as dificuldades enfrentadas por elas no cotidiano da Vila Brás, bastou uma câmera para exibirem um sorriso que nada tem de amarelo. Muito tem de natural.

Com muito pouco, se faz uma criança feliz.

Obs.: Nas fotos, infelizmente, não mostram o sorriso, mas garanto que para pedir que as fotografassem eram uma felicidade só.