quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mudando o Enfoque

Vanessa Wagner

Pautas pipocam por todos os lados na Vila Brás. Mas o que sugerem os moradores aos repórteres do Enfoque? O que a comunidade deseja ver no periódico?

Buscar pauteiros dentro da Brás foi o desafio proposto à nossa equipe na terceira edição desenvolvida pela turma. Um exercício que resultou num jornal feito conforme as sugestões do leitor.

Diversos assuntos foram levantados pela reportagem, muitas reclamações quanto à prestação de serviços públicos - uma carência de muitos na Vila. No entanto, o apontamento de aspectos positivos na Brás revelou pautas que mereceram destaque. Foi bacana perceber que os moradores reconhecem suas potencialidades, e de sua comunidade.

Também neste último momento tivemos um maior retorno do nosso trabalho (elogios, críticas, sugestões e agradecimentos). Reafirmando a importância do Enfoque Vila Brás e da nossa produção como jornalistas. Bom trabalho de todos! Parabéns aos nossos pauteiros!

A Vida na Brás

Vanessa Lopes

Os Moradores da Vila desfrutam o final de semana de uma forma simples e tranqüila. Não vi nenhum tipo de violência lá. Os moradores abrem seus comércios e esbanjam simpatia. Gostam de um bom papo. Falam sorrindo e muito acessíveis já iniciam gostando sobre diversos assuntos. As crianças são,podemos dizer, “dadas”, eu caminhava com o fotografo pela rua para a realização da matéria, quando um menino de aproximadamente 7 anos nos chamou para tirarmos fotos dele encima de um caminhão. O garoto sorria e fazia poses para a foto. A mãe dele no observava da varanda de sua casa, e quando olhei para ela, ela me sorriu.

Gestos simples, sem maldade, pessoas carentes, pessoas que gostam de conversar não se importando com o que tu vai pensar delas. Hoje em dias as pessoas que possuem uma condição melhor de vida, não têm essa simplicidade de sorrir para “qualquer um”.Vivem estressadas e se achando importantes para sorrir ou ser gentil.

Mesmo não possuindo uma boa condição de vida, aquelas pessoas mostram a pureza e a simplicidade da vida que muitas pessoas de classe mais alta não enxergam mais.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lutando pelo ponto de vista

Cecília Medeiros

Quando comecei fazer esta disciplina tinha curiosidade de conhecer a famosa Vila Brás. Alguns olham para esta Vila com receio e a consideram perigosa. Bem, eu conheci este bairro neste semestre, fazendo a disciplina de Redação Experimental em Jornal, e o que observei foram pessoas simples, modestas, que lutam a cada dia para terem uma vida melhor. Nada de medo, mas sim pessoas que sorriem, choram se emocionam e desejam ver a Brás com mais qualidade de vida. Um bairro popular com qualquer outro.
Desfeito o mistério, procurar a terceira pauta não foi muito difícil, conversando com a doutora Lisiane Silva, especializada em Medicina de Saúde Comunitária, contou-me que a coordenação do posto de saúde da Vila Brás estava indignada com algumas matérias que vem sendo publicadas no Enfoque. Essas matérias não têm o contraponto do posto, apenas são citadas as reclamações dos moradores, mas o posto não foi ouvido.

Diante do relato da médica Lisiane, tentei mostrá-la que a intenção de nós estudantes de jornalismo é apresentar no nosso Jornal os assuntos pautados pelos moradores e que geralmente tentamos ouvir os dois lados envolvidos.

Disse a ela que falaria com os professores para tentar um direito de resposta o que creio que será dado na próxima edição do Enfoque.

Depois de muito conversarmos a convenci que me deixasse falar com a coordenadora do posto e pedir para acompanhar um atendimento da Equipe de Estratégia da Família, que iria visitar um morador da Brás que faz parte desta modalidade de atendimento domiciliar.

Pronto, fui liberada pela coordenadora Caren Muller para fazer o acompanhamento do atendimento domiciliar. Matéria que pode ser conferida nesta última edição de 2010/2.

Enfim, cada um tem um ponto de vista e quer defender o mesmo, mas nós futuros jornalistas temos a obrigação de tentarmos defender o ponto de vista do nosso leitor, dando a ele a informação o mais completa possível.

Só faltava a cerimônia

Gustavo Alencastro

Os problemas dificultavam a formalização da união de Rodrigo Brás Machado e Ariane Freitas de Almeida, porém em julho deste ano o casal decidiu oficializar a relação, afinal de contas, já são oitos anos de convívio. O noivo é bisneto, diga-se de passagem, do senhor João Bernardo Brás, que é reconhecido como a primeira pessoa a habitar a região, de acordo com Rodrigo o local existe a mais ou menos uns trinta e cinco anos.

Outro problema foi em relação ao lugar onde seria aconteceria a cerimônia – Ariane conta que como os dois não são batizados não foi possível fazer em uma igreja Católica, mas o problema foi resolvido.

A cerimônia será conduzida pelo Pastor Paulo Chagas, que é Evangélico, e a Associação de Moradores da Vila Brás será o palco para a tão sonhada cerimônia. A noiva declara que faz parte da equipe que administra o departamento esportivo da Associação e que ali só nesse ano já foram realizados no mínimo uns dez casamentos.

A decoração também foi feita inteiramente pela noiva, a ornamentação contava com detalhes em branco e vermelho nas paredes, pequenos vasos com flores dispostas sobre as mesas e um quadro estilizado onde estavam coladas fotos do casal e o retoque final eram os balões espalhados pelo salão. Rodrigo conta que a lista de convidados em sua maioria é composta por parentes e Ariane frisou que quanto aos amigos a lista encurtou, senão não daria para fazer a festa, pois é muita gente e mesmo assim são 120 pessoas convidadas. Rodrigo e Ariane casaram em 25/09/2010, às 19h30.

Encontro e despedidas

Sabrina Schonardie

Na primeira visita da turma a Vila Brás estava com tanto sono que perambulei por lá mais como sonâmbula do que repórter. E foi com os olhos de que ainda não esta bem acordada que tive minhas primeiras impressões do lugar. Um ambiente com casas simples, muitas lojinhas, brechós, mercadinhos, vários pontos comercias espalhados ao longo da avenida principal, muitos cachorros, crianças, bicicletas como sendo o principal meio de transporte. Um lugar com diversos problemas de infra-estrutura, como tantos outros, mas com pessoas que me pareceram felizes de estar morando ali.

Na segunda visita estava bem acordada, com isso pude prestar a atenção em muito mais detalhes e curiosidades. Como as fachadas e nome dos comércios da vila, além de muito coloridos alguns deles sempre apresentavam alguma inscrição religiosa nas suas paredes. Notei também, que a grafia de “Brás” variava em alguns locas aparecia com “z” em outros com “s”. Para tentar sanar minha curiosidade fui em busca da forma correta, mas mesmo depois de consultar os registro de fundação da associação dos moradores, de falar com a neta do fundador, perguntar aos moradores, e conversar com uma professora especialista em lingüística, não consegui solucionar este mistério.

Para a terceira, e ultima visita nos apresentada a idéia de que ouvíssemos mais os moradores, e fizéssemos nossas matérias na parceria deles. Para isso escolhi pedir a colaboração de algum jovem, que mesmo ainda estando no inicio de sua vida tivesse morado apenas na vila, que visse o lugar onde reside com olhos sem preconceitos e que sobretudo acreditasse que aquele é seu lar. Comecei então a parar vários adolescentes na rua com o pedido de que sugerissem o assunto para a matéria publicada no Enfoque, e que também me ajudassem na sua elaboração, vários recusaram, alguns por pressa outros por falta de idéias, mas todos muito gentis. Mas, lá pelos 30 do segundo tempo encontrei a Tâmara e a ketlyn que logo de cara se dispuseram a me ajudar.

Depois de muito refletir e de muitos assuntos sugeridos pelas meninas que já haviam sido publicados, elas resolveram falar sobre os vários telefones públicos que estavam quebrados ou mudos. Achei muito interessante o fato de duas garotas, uma com 12 e a outra com 13, que já nasceram na era da comunicação e estavam portando celulares, escolherem logo esse assunto para falar. Mas, como disseram as garotas existia muita gente ali, principalmente os mais velhos que não tinha aparelhos de telefonia moveu, nem residências que dependiam dos orelhões para fazerem ligações. E além do mais, conforme as meninas, tem uma hora que o cartão acaba.

Escolhido o assunto a Tâmara e a ketlyn me levaram para cruzar a Avenida Leopoldo Wasun de ponta a ponta para me mostraram a situação dos orelhões, conforme íamos caminhando elas iam pousando para foto, dando idéias para o texto, e entrevistando os morados, que sempre atendiam prontamente as meninas com muita simpatia. Ao final da matéria o que pude concluir foi que com telefones públicos, ou sem eles, o que os moradores da Brás fazem muito bem é se comunicar.

O retrato da Brás

Guilherme Möller

Mostrar o que a Brás quer ver. Esse foi o objetivo da nossa terceira visita à Vila, fazendo da última edição do jornal um retrato da comunidade. Ser pautado pelos moradores foi o desafio da manhã de sábado. Desafio maior foi escrever baseando-se nos problemas encontrados.

Escrevi sobre a Rua 24, um local que foi deixado de lado pela maioria. Porém, para os vizinhos do “lixão”, fica difícil a convivência com a situação. A manhã ensolarada nos proporcionou lições de cidadania e jornalismo.

A terceira edição do enfoque registra a visão da comunidade, escrita e vivida pelos alunos. Foi uma experiência importante para a formação no jornalismo. Trabalhar na Brás fez com que os estudantes retratassem uma rotina diferente daquela vivida por eles.A visita nos ensinou muito, além de ser um momento de reflexão para os futuros jornalistas. Todos que participaram saíram da Brás com um novo olhar sobre a vida e sobre o jornalismo. Acredito que os professores, alunos, moradores e envolvidos no enfoque ficaram satisfeitos, saindo da Vila com o sentimento de dever cumprido. Escrevemos o jornalismo que a Brás quer ler, e é importante que saibamos o que nossos leitores querem. Por isso a terceira visita mudou o minha maneira de enxergar à Vila e deve ter alterado a visão da comunidade sobre o Enfoque.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Recepções diferentes

Ângelo Hector

Na terceira visita que fiz à Vila Brás tive duas opções de pauta. A primeira, que desistir, era conversar com um pedreiro. Em frente a casa dele havia uma placa oferecendo serviços como construção de casas de alvenaria e instalação elétrica. Achei interessante, porque não havia visto nenhuma outra placa que oferecesse tais serviços. Fui atendido por uma senhora simpática e tranqüila, que informou que seu esposo estava reformando uma igreja ali perto. Agradeci e avisei que retornaria, embora fosse buscar outra pauta. Após 1h, aproximadamente, retornei ao local e, infelizmente, cheguei em má hora. Quando falei sobre a entrevista, percebi que meu entrevistado estava furioso por algum motivo. Mesmo assim, ele me atendeu pedindo desculpas, avisando que não era um bom momento para conversar. Agradeci e me afastei, seguindo em busca de outra pauta. Em seguida, avistei a placa da Tele-Dill Celulares e resolvi conversar com o proprietário. Me apresentei e fui extremamente bem atendido por Volnei Fagundes, que estava atrás do balcão. Em seguida, um senhor entrou na sala: era o proprietário, Dílson Alves Viana. Durante um bate papo descontraído, levantei as informações que utilizei na nota referente a loja.

Impressões do repórter

Rafael Soares Martins

Uma das principais características de um jornalista é a sua curiosidade. Na segunda saída de campo, à Vila Brás, eu queria manter a pauta do meio ambiente e encontrar algo interessante nesta categoria. Estamos numa era em que as cidades crescem sem parar e se defende a educação e conscientização ambiental, portanto, considerei oportuno abordar a prática do cultivo de árvores e plantas, observando-o a partir do trabalho do senhor Ângelo Corrêa Borges.

A flora está presente de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos. Que esta idéia possa se ramificar, gerar flores e frutos para o bem do planeta, das árvores, das futuras gerações e de todos os seres...

O importante é que em La Brás eu vivi!

Simone Núñez Reis

Para a psicanalista Melanie Klein, todos somos mediados por fantasias inconscientes originárias dos objetos internos (sonhos, desejos, lúdico) produzidos na infância, fase importantíssima durante a qual elaboramos nossa “Phantasis”.

Pautada pela ótica Kleiniana na terceira visita a “La Brás”, senti necessidade de realizar um projeto voltado para crianças e convidei a colega Ellen Matiello para organizarmos uma mini-oficina de desenho e pintura com alguns pimpolhos da comunidade.

Na mesma noite conversamos com Mestre Veras e Nikão que nos incentivaram, a partir daí compramos materiais (lápis, folhas, giz de cera, réguas e hidrocores) mas antes tentamos realizar parceria com a Livraria Cultural.

No sábado na Unisinos, contactamos com o colega fotógrafo Harrison, que aceitou nos acompanhar. Chegando na comunidade, o trio partiu disposto a concretizar a tarefa com os pequeninos.

O Harrison é publicitário, pós- graduado e professor de Cultura e Vídeo no Projovem e a Ellen Matiello trabalha na Agexcom e é editora do Enfoquinho.

Num primeiro momento, procuramos espaço na Associação de Moradores para contatar com as crianças que transitavam pela Avenida Leopoldo Wasun.

Acabamos indo parar na escola, onde havia uma mega comemoração onde fomos hiper bem recebidos pela Teresinha (psicopedagoga) e Gardênia (diretora) que nos cederam sala e mobiliário para a realizarmos a atividade.

Convidamos cinco crianças, que aceitaram participar e a diretora permitiu que publicássemos seus trabalhos, assim como fotografássemos as crianças desenhando e pintando.

Durante a tarefa, a escuta de relatos tristes e pesados vindos dos pequenos universos em nossa frente.

Me despedi sensibilizada, num misto de impotência e indignação ao saber que algumas das carinhas fofas, sofrem maus tratos e outras vicissitudes.

Não esquecerei dos ruídos das folhas brancas e do ziguezaguear dos gizes de cera que foram enchendo de tons os nossos olhares.

Naquele sábado entrei fúscia e saí grafite de La Brás” com a alma cantarolando: “Se chorei ou se sorri, o importante é que em La Brás eu vivi!”

O que se encontra no esconde-esconde?

André Ávila

O último sábado na Vila Brás começou lento. Alguns colegas – e eu me incluo nesse grupo – acreditavam que seria tranqüilo, último sábado do semestre em que temos que acordar cedo para uma aula e buscar uma boa pauta – e inédita – para o Enfoque’. Mas parecia que todos estavam amarrados, ainda dormindo. Já não posso falar pelos meus colegas, mas eu estava completamente lento e sem muita perspectiva de uma boa pauta. Com o colega Eduardo Herrmann caminhei muito até olhar para o relógio e concordarmos que faltava pouco para voltar ao ônibus, e ainda não tínhamos nada.

Fizemos uma última caminhada até o loteamento Padre Orestes. Admito que eu não tinha muitas esperanças de encontrar uma boa pauta jornalística. Para seguir este relato é necessário situar Herrmann na última caminhada. Nas outras duas edições do Enfoque, Eduardo desenhou o Enfoquinho, destinado ao público infantil da vila. Pinte aqui, encontre os 7 erros ali, etc. Enquanto eu pensava que não encontraríamos pauta nenhuma, Herrmann buscava elogios das crianças sobre os seus desenhos. Indiscriminadamente perguntava à crianças de 12, 10, 6 anos ou 6 meses se elas gostavam dos desenhos – e distribuía todos exemplares que tinha embaixo dos braços.

Pois bem, entrando no loteamento encontramos 6 jovens entre 10 e 14 anos. Como era de se imaginar, Herrmann já foi dizendo “vocês gostam de encontrar os 7 erros? Gostam deste desenho?”. Os adolescentes eram, além de simpáticos, muito rápidos nas piadas e respostas para as perguntas que fazíamos. Entre várias risadas Herrmann pergunta “E vocês? Do que brincam aqui na vila?”. Eu esperava ouvir que jogavam bola na rua, ou que andavam de bicicleta. Mas eles têm mais imaginação do que eu. “Brincamos de esconder aqui, nessas casas”. Imediatamente lembrei que eu brincava de esconder na garagem no meu prédio e minha única preocupação era estar bem alinhado atrás de um pneu, pra que meus tênis não denunciassem que eu estava em uma das poucas vagas do estacionamento.

Mais do que prontamente começaram a correr para mostrar como era a brincadeira. E, se não parecesse ridículo um cara de 25 anos brincar com eles, acho que meu colega Herrmann teria voltado pro ônibus sem me encontrar.

Vila Brás: a despedida

Manuela Teixeira

A última saída de campo para a Vila Brás veio com um desafio: ser pautado por um morador, que iria também acompanhar o repórter durante a apuração. Nas edições do Enfoque, descobrimos o olhar que a população tem sobre a Vila. Mas a Brás é cheia de crianças e foi a percepção infantil que eu busquei quando questionei Guilherme, de apenas 11 anos, com a pergunta: Qual o melhor e o pior da Brás?

Não posso dizer que tenha me surpreendido com a escolha dele (o pior ficou com a praça e o melhor com as aulas de dança de rua), mas, sem dúvida, seus argumentos mostraram a maturidade desse garoto tão novo. Ou seja, os acontecimentos do bairro não passam despercebidos pelo olhar infantil.

Nosso último dia de Brás teve também gosto de despedida. Foram três sábados. Três manhãs ensolaradas onde os repórteres do Enfoque tomaram conta da Vila para buscar histórias. Histórias de vida, de dramas e conquistas pessoais. Porque noticiar é também mostrar como vive uma localidade, como resolve seus problemas ou comemoram suas vitórias. E que jornalista não gosta de uma boa história? Por isso, nossas matérias eram recheadas de rostos, nomes e sobrenomes.

Não saberia dizer qual das visitas foi a melhor, pois cada uma representou uma experiência diferente. Apostei em temas que julguei terem noticiabilidade. E nunca estive sozinha. Minha parceira de caminhada pela Vila, a colega Tamires Gomes, se revelou uma ótima fotógrafa. Seria pretensioso chamar esta uma parceria de sucesso? Talvez seja, mas é assim mesmo que vou denominar nossa dupla, pois o resultado sempre foi satisfatório.
A manhã chegou rápido ao seu fim, como das outras vezes. Repórteres e fotógrafos reunidos, era hora de voltar à redação. Mais uma vez, e pela última nesse semestre, o ônibus saiu e deixou para trás a Brás. Com ela, ficaram ainda muitas histórias por contar. Histórias a espera dos próximos repórteres do Enfoque.

Uma centena de histórias

Stéfanie Telles

Este foi o título da minha terceira matéria para o Enfoque, onde procurei contar a história de vida de uma pequena senhora de incríveis 105 anos. Contudo, o título neste post se refere à Vila. Um lugar que revela a cada saída de campo, inúmeras, diversas... centenas de histórias.

Na primeira aula na disciplina, colegas questionaram se não haveria a possibilidade de mudarmos de lugar, porque talvez a Brás já não tivesse mais o que nos dizer. Depois de três idas à Vila, constato que esse é um grande engano. Sempre há uma história para ser contada, não apenas lá, mas em qualquer lugar. Tudo depende da nossa vontade, interesse, paciência e persistência. Não é o lugar que satura de acontecimentos, penso que somos nós que estamos cada vez mais desacostumados a ter contato com a realidade, cada vez mais desacostumados a enfrentar face a face pessoas desconhecidas sem termos prévias informações. Afinal, passamos a maior parte do dia imersos em nossas cadeiras em frente aos nossos computadores, pouco sabemos do que ocorre efetivamente às pessoas próximas, quem dera saber daquelas que nunca vimos.

Redação Experimental em Jornal, comandada pelos queridos e pacientes professores, Veras e Nicão, foi uma baita experiência. Aprendi muito como futura jornalista, mas aprendi muito também como ser humano. Sei que valeu a pena, e muito! Uma pena serem poucas as disciplinas no decorrer da graduação que oportunizem tamanho aprendizado.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dessa vez foi!!

Luana Reis

Depois das minhas duas experiências um tanto traumáticas na Brás, enfim tudo ocorreu muito bem! Com a pauta sugerida pelo professor em mãos, já que minha outra sugerida havia furado, fui atrás de alguém que pudesse nos ensinar um pouco sobre algo que nos dá tanto prazer e que é tão necessário: comida! E o mais legal, é que por coincidência, dia 16 de outubro é dia mundial da alimentação.

Uma moradora me sugeriu que entrevistasse a senhora que vende refeições a R$1. A fama de boa cozinheira de Olga é grande lá Brás. Muito solícita, ela e sua ajudante nos deram várias dicas enquanto preparavam o cardápio do dia. 

Fiquei bem satisfeita com a entrevista, com as fotos e o resultado final da matéria. Acho que quando o assunto tem mais a ver com a gente, quando a gente domina e simpatiza mais com a pauta tudo fica mais fácil e divertido.

Tenho que confessar, que eu e a Carina, fotógrafa da matéria, sofremos um bocado, porque a gente tava com muita fome. E o cheirinho tava bem bom gente!

Comunidade acolhedora

Camila Nunes

Visitar a Vila Brás durante três sábados do semestre foi uma experiência enriquecedora. A hospitalidade com que os moradores nos receberam serviu como uma espécie de combustível para encarar o desafio de descobrir (inloco) algo que pudesse ser transformado em pauta para o Enfoque.

Em nossa última visita, meu objetivo era mostrar que por trás de problemas como saneamento, saúde, segurança – comuns a qualquer bairro de periferia das cidades brasileiras – existiam também ali histórias de pessoas que encontram a felicidade nas coisas mais simples da vida.

Contei a história de uma amizade que há muito não se vê. A empregada doméstica Edi Antunes e suas três comadres provam que com carinho e solidariedade, a vida pode ser bem mais leve. Confira na mais recente edição do jornal Enfoque!

A Vida Brás

Vanessa Lopes

Moradores da Brás são bastante tranqüilos, os sábados deles me parecem um dia tão amigável, porque, não se vê violência, nem brigas lá. Pelo menos nos sábados que visitamos a Vila. Mas o pessoal abre seus comércios e todos muito tranqüilos e sorridentes, tendo uma disponibilidade e acessibilidade para conosco. As crianças são bem dadas, eu quando caminhava com o fotografo pela rua, um menino de aproximadamente 7 anos, nos chamou de cima de um caminhão para tirarmos fotos dele. E ele sorria e fazia poses para a foto. A mãe dele o observava da varanda da casa, e quando olhei para ela, ela me sorriu. 

Eu sinceramente não recebia esse tipo de gesto há bastante tempo. Hoje em dias as pessoas que possuem uma condição melhor de vida, não têm essa alegria, ou essa simpatia de sorrir para “qualquer um”,. Elas vivem estressadas e se achando importantes ou “diferentes “de mais do resto das pessoas para sorrir ou ser gentil. Aquele dia a imagem daquelas pessoas sorrindo me chamou bastante a atenção. As crianças correndo e andando de bicicleta. 

Coisas simples que as crianças com mais condições não tem. Se via no rosto daquelas crianças que elas são e estão felizes ali, mesmo morando em condições ruins. Elas nos mostram a pureza e a simplicidade da vida.

Noites mal dormidas por uma boa causa

Rodrigo Rodrigues

E lá se foram três noites mal dormidas, por ter de acordar cedo demais, para, em três manhãs, desempenhar em uma comunidade desconhecida o papel de repórter: apurar um fato, redigir tal em tantos poucos caracteres e editar para que fique pronto para impressão.

Eis a Vila Brás, o lugar antes não conhecido, que em um trio de sábados foi devidamente percorrido, da rua principal às pequenas ruas. Primeiro, uma matéria sobre o transporte público que atende a população da vila. Depois, a denúncia de morador sobre os vizinhos que abusam do volume do ‘micro system’ madrugada adentro. E por fim, a sugestão do leitor, que reclamou da falta que faz um local para pagar as contas de energia elétrica, água, etc, dentro da Brás.

Além disso, as observações nas caminhadas. O movimento na Leopoldo Wasun, muito em função do comércio, o mundo de crianças que tomam conta das ruas adjacentes a ela, as rodas de chimarrão em inúmeras casas dessas adjacências. Fora o acompanhamento das pautas de colegas, observando o que as fontes tinham para falar, o que, provavelmente, não é possível transcrever nas páginas do Enfoque Vila Brás, pela quantidade de informações. Como por exemplo, o depoimento de uma criança relatando o desencanto que é para ela ver a praça mal conservada, com brinquedos danificados e pichações de gangues por todo lado. Um fato a lamentar.

O que fica de aprendizado das idas até a Brás é que por mais que pareça impossível encontrar pauta depois de tantas edições impressas do jornal, isso não corresponde à realidade. Existe assunto, e encontrando um, logo vem outro acoplado, pronto para ser apurado. Apesar das noites pouco dormidas, ficou a lição.

Por uma mudança de enfoque

Priscila Zigunovas

A pauta da terceira visita à vila foi a mais difícil de fazer. Foi a primeira vez que eu cheguei à Brás com a pauta já definida: eu queria entrevistar o dono de uma empresa de moto táxi. A opção reserva era fazer a matéria com um grupo de grafiteiros da vila que tinham me sugerido na visita anterior.

Mas as duas pautas caíram. A primeira, porque o homem não queria matéria da empresa dele no jornal, e a segunda, porque não consegui encontrar as pessoas e nem me atenderam quando liguei. Eu tinha que achar uma pauta nova, e não estava fácil: todas as pessoas com quem eu falava diziam já terem sido entrevistadas muitas vezes, e não queriam perder tempo falando comigo. Muitas já tinham sido notícia na edição anterior do Enfoque, ou tinham dado entrevista naquele sábado mesmo. Até uma moça que costurava carteiras à mão, sentada num banco na rua, não quis conversar. "Estou cansada de dar entrevista", disse ela. "Já fizeram matéria minha umas cinco vezes."

Essa saturação de pautas vai piorar a cada semestre, a menos que se repense a proposta do jornal. Se precisamos continuar trabalhando na Brás, então que façamos não apenas matérias na vila, com os moradores, mas para eles. Podemos ocupar as muitas aulas ociosas da disciplina com a produção de matérias relevantes para a população do bairro, matérias de serviço, entretenimento, esportes e qualidade de vida, por exemplo, com espaço para reportagens e notas. Fazer jornalismo popular, mesmo, e lembrar que o Enfoque não é feito para ser lido na Unisinos, e sim na vila - mas nem por isso precisamos falar só da Brás.

Última experiência na Vila Brás

Matheus Cardoso

Como prometido, aí vai o relato. Juntos, eu, Miriam Moura e Kênia Ferraz, conhecemos a triste realidade em que vive a família de Janaína da Rosa. Na primeira vez que tivemos na residência de Janaína o susto com a situação ao em torno da casa foi bem grande. Como havia chovido durante a semana que antecedeu a visita o terreno estava completamente alagado. Com acúmulo de água da chuva os dejetos de um banheiro instalado nos fundos da casa acabavam por ficar expostos ao contato de todos.

A região que visitamos dentro da Brás toda sofre com a falta de saneamento básico. Ao lado da casa de Janaína há um vizinho que cria porcos, fato esse que piora a higiene do lugar. Crianças que moram nessa região vivem sofrendo com doenças causadas pela sujeira do local.

Bom, por fim, depois de ajudar a Miriam com a pauta, achei a história de uma menina cadeirante que sofre de epilepsia e que conseguiu junto ao projeto Minha Casa -Minha Vida uma nova residência adaptada para o seu problema. E assim foram as incríveis experiências na Vila Brás.

A Brás ensina a quem quer aprender

Lílian Stein

Esperava fugir do lugar-comum e, por isso, pensei em ignorar qualquer pauta que me exigisse apenas um pouco de apuração e o mínimo esforço para fazer um texto razoavelmente satisfatório. Havia ouvido sobre as ideias de alguns colegas e percebi que muitos deles também compreendiam que era hora de buscar algo mais. Restava saber o quê. 

É provável que uma das minhas experiências acadêmicas mais marcantes até agora tenha sido a visita de Rosina Duarte, uma das criadoras do Boca de Rua. O jornal é fruto de uma parceria entre jornalistas e moradores de rua – responsáveis por sugerir a pauta, apurar as informações e redigir a matéria. A ideia, que à primeira vista pode parecer absurda, deu certo. O Boca completou 10 anos em setembro, com tiragem de 8 mil exemplares em cada uma de suas edições trimestrais.

A terceira ida à Brás era marcada por uma espécie de ansiedade diferente. Ao mesmo tempo em que era preciso encontrar uma pauta que ainda anão havia sido abordada nas outras duas edições, sentia necessidade de fazer mais do que nas outras vezes. Foi nessa hora que lembrei do Boca de Rua.

Em conversas anteriores, o professor Eduardo Veras havia comentado a possibilidade de escolhermos moradores que, tal qual fazem os repórteres do Boca, sugerissem a pauta, apurassem as informações e redigissem a matéria. A ideia, no entanto, parecia difícil de ser posta em prática. Esse possível obstáculo caiu por terra quando eu e minhas colegas Daniela e Rafaela encontramos seis meninas ansiosas por escrever sua primeira matéria.
Fiquei responsável por orientar – e apenas isso – a Suélen e a Giovana. As duas têm 12 anos e estudam em uma escola municipal da Brás. Imaginei que a tarefa seria difícil e me demandaria um esforço que, ao fim, percebi ser dispensável. Impressionei-me com a desenvoltura de repórteres que pegavam bloco e caneta pela primeira vez. 

Saí da Brás orgulhosa e, mais do que isso, emocionada. O resultado da dedicação e talento de Giovana e Suélen é o que encerra as edições do Enfoque neste semestre. Para mim, fica a lição: cheguei a pensar que iria ensinar. Terminei com a certeza de que quem havia aprendido era eu.

Educação para além dos muros

Fabrício Preto

Minha última matéria para o Enfoque Vila Brás surgiu em um período bem importante. Teve início no dia 22 de outubro o período de campanha para eleição da Direção da Escola Municipal de ensino Fundamental João Belchior M. Goulart. A eleição acontece no dia 12 de novembro.

Ao chegar na escola, a primeira ideia era construir algo sobre a importância da alimentação no desempenho escolar dos alunos. Porém, na conversa inicial com a Vice-Diretora, Juliana Garbin, percebi a correria da campanha acontecendo. Era momento fundamental para conversar com os candidatos e traduzir na matéria a importância da participação da comunidade nesse processo. De acordo com Juliana, poucos são os pais que vão até a escola participar da eleição.

Já acompanhei de perto o dia-a-dia de uma escola e percebi o quanto faz diferença quando os pais, alunos e professores assumem a educação de qualidade como uma meta. A oportunidade de escolher o futuro da escola do bairro é um passo para levar a educação para além dos muros.

Pautado nas entrelinhas

Pedro Bicca

Na última ida à vila, fui alvo de uma situação embaraçosa, mas comum no meio jornalístico. Na ocasião, cheguei ao local com o desejo de vasculhar a vida de Marcos Quadros “Marquinho”, no qual foi personagem de meu texto anterior. Algo relevante, pois a abordem seria completamente diferente.

No entanto, a proposta para a última expedição à Vila Brás era outra. Devíamos ser pautados por algum morador, sobre algum assunto que gostaria de ver no jornal. Pois bem, estamos sujeito a erros. Mas o lado bom disso tudo, é que temos oportunidade de corrigir. Foi o que fiz.

Entrevistei o comerciante Zenir Buratti, marido da sobrinha de Marcos. Enquanto eu insistia em saber sobre a vida do velinho, ele fazia o mesmo, porém falando de si. Uma história de luta contra o desemprego. Não tive dúvida, escrevi sobre sua vitória, na aposta que fez ao criar seu próprio negócio.

Ao final de tudo, dei-me conta de que fui pautado por alguém. Não do modo comum, com uma entrevista direta sobre o assunto, e sim com uma abordagem nas entrelinhas.

Impressões de repórter

Cecília Medeiros

Minha segunda pauta da Vila Brás foi difícil de conseguir, mas depois de muito andar encontrei Meire, com a reclamação que na vila existem muitas crianças pedintes. Pronto estava ali minha pauta e logo minha matéria. Ela me contou que as mães colocam os filhos a pedirem alimento, dinheiro ou qualquer outra coisa.

Moradora da Brás há 12 anos e comerciante, contou-me que tem mulheres que colocam os filhos a pedirem nas casas e que ficam de longe observando. “É um desrespeito com as crianças deixarem ela nas ruas sem irem a escola”, declara. A comerciante contou que observa esta situação há mais de três anos e que tem receio em denunciar ao conselho tutelar. Em umas das ocasiões em que dou alimento há uma destas crianças, ela teve seu celular roubado.

Para Meire deveria haver mais policiamento nas ruas e fiscalização, com objetivos de identificarem estas famílias, para que possam ser encaminhadas a órgãos competentes de reabilitação de toda a família. “São crianças de cinco a 7 anos, em idade escolar a maioria”, conta.

Ao conversar com a conselheira Joselaine, do Conselho Tutelar Zona Norte soube que são mais de 50 denúncias na Brás de casos de crianças postas a pedirem pelos pais. Ela conta que o conselho tutelar não dá
conta de atender todos os casos. O conselho só pode atuar através de uma denúncia, mas mesmo assim há poucos conselheiros para tanta demanda.

“O trabalho do conselho tutelar não é dar limites aos filhos dos outros, mas a proteger a vida das crianças contra qualquer tipo de mau trato”, desabafa. Tem gente que acha que o conselho serve para ameaçar os menores e nossa função não é esta e sim protege a criança ou adolescente em risco, conta Joselaine.

Assim, depois de uma longa conversa com Meire e Joselaine estava pronta minha matéria. Missão cumprida e nosso próximo exemplar do Enfoque poderão conferir a matéria.

Impressão de repórter 3

Fernanda Herrera

Esta foi terceira e última ida à Vila Brás. A orientação dos professores era fazer uma matéria sugerida por um morador do local. Formei dupla com o fotógrafo Ramiro Furquim. Ele me levou até a senhora Elisia de Moraes. E, a partir da conversa que tive com ela, minha pauta estava formada.

Ela relatou que os moradores da Vila têm a preferência por caminhar na via, ignorando a calçada. Nas outras duas vezes em que estive na comunidade percebi esta preferência. Confesso, também, que acabei fazendo o mesmo. Algumas vezes, percebi que estava caminhando no meio da rua, me expondo aos mesmos perigos que os moradores. E foi por isso, sentido na pele o perigo, que resolvi escrever a matéria. Acho que assim o alerta fica mais autêntico, no momento em que constatei o problema e até fiz parte dele.

Para a população da Vila Brás, deixo minha contribuição com este alerta. Apontando os problemas que devem ser solucionados por eles mesmos. Uma das entrevistadas disse: “é tudo uma questão de consciência”. Concordo com ela, já que muitos destes acidentes ocorridos na Vila poderiam ter sido evitados. E, com simples atos, como não obstruir a calçada com carros estacionados e restos de obras.

Os homens da Vila Brás estão mais vaidosos

Fernanda Herrera

Ao chegar na Vila Brás, não sabia ainda sobre o que escrever para próxima matéria do Jornal Enfoque. Comecei a caminhar pela Avenida Leopoldo Wasun e reparei que existem muitos salões de beleza. Resolvi entrar em um, pensei que a moda dos cabelos das moradoras da Vila pudesse render uma matéria. 

Conversando com a cabeleireira Lena, descobri que não havia nada de novidade no que as mulheres dali faziam em seus cabelos de diferente das mulheres de outros lugares. Parece óbvio, mas até aquele momento pensei que algum corte específico, de algum personagem de novela por exemplo, ou alguma cor estivesse na moda entre as mulheres. 

A surpresa veio quando ela começou a contar que na verdade eram os homens que estava fazendo mudanças mais radicais e visitando com mais freqüência o salão. Agora além de apenas cortar o cabelo, utilizando cortes mais tradicionais, eles pediam para tonalizar, fazer reflexos e luzes (mechas mais claras, nos cabelos escuros). 

Ao visitar mais dois estabelecimentos pude constatar o que a dona Lena havia me contado. Encontrei homens e meninos cortando, descolorindo os cabelos, e fazendo hidratação. Descobri também que o cuidado com as unhas e sobrancelhas é uma preocupação entre eles. E que não se importam de gastar dinheiro com tratamentos estéticos. A cabeleireira Xica, como é conhecida, contou que muitos marcam hora para fazer todos os procedimentos no mesmo dia.

Assim, constatei que os homens da Vila Brás realmente estão mais vaidosos. E como Xica explicou, não é porque moram em uma vila que deixam de se cuidar.

Uma oportunidade de negócio

Fabrício Preto

Bares, supermercados, bazares, lojas de confecções, pecuárias, padarias... dentre tantas opções existentes no grande shopping aberto que é o centro da Vila Brás, ainda falta uma Pet Shop. Nas edições do Enfoque, muitas foram as matérias que chamaram a atenção para a grande quantidade de cachorros nas ruas do bairro. Porém, após conversar com lojistas, descobri que muitos são os moradores que têm animais de estimação e necessitam de lojas especializadas para o cuidado com os bichos.

Esta foi a minha maior surpresa: a necessidade de uma Pet Shop não é privilégio apenas dos moradores de bairros ricos. O cuidado com os animais, através do trato com rações e uso de acessórios específicos para seu bem-estar, está se tornando uma rotina também em bairros mais carentes. Os animais de estimação estão se tornando membros da família, merecendo cuidado e a atenção devida.

Quem sabe essa não é a oportunidade que ainda espera por um empreendedor. Banho, tosa, rações, coleiras, roupas, shampoo... é a hora de cuidar melhor dos animais de estimação da Vila Brás.

Última visita à Vila

Caroline Raupp

Nossa última visita à Brás me reservou uma grata surpresa. Caminhando pela avenida principal em busca de uma pauta, encontrei um menino mirradinho, que andava cumprimentando a todos e prestando atenção na movimentação do pessoal da Unisinos que distribuía a mais recente edição do jornal enfoque. Quando comecei a conversar com Davi, percebi que se tratava de um garoto muito inteligente e interessado por cultura e educação. Davi não era tão jovem quanto aparentava, com doze anos, cursa a sexta série no colégio da Vila, e tem um belo futuro. Fico na torcida para que consiga realizar todas teus sonhos e conhecer tudo que deseja.

Estou esperando o bis

Roberto Ferrari

Nem parece que não vou mais voltar a Vila Brás. Não pelo menos esse ano, de forma programada. Não foram tantas visitas, porém ficaram na lembrança. Engraçado que nos três sábados que fui junto da turma de Redação Experimental de Jornal para a localidade, o calor me puxou para uma sorveteria. Dessa forma, todas as calorias perdidas nas andanças pelas ruas foram reconquistadas de uma forma muito saborosa.

A acolhida dos moradores da Brás também deixará saudades. Moro no interior gaúcho e não tanta facilidade como a que tive ali para desenvolver o meu papel de repórter. As pessoas da Vila são abertas e gostam de falar. Claro que para qualquer jornalista entrevistar uma fonte mais complexa - e se sair bem - é satisfatório, mas a naturalidade do processo de captação de informações me surpreendeu. Fiquei com um gostinho de quero mais.

Não descarto dar uma passada por lá no ano que vem, nem que seja apenas para observar a movimentação do local. Quero ver se algo mudou. Lá sempre há algo novo. Não quero perder uma lembrança que me foi tão rica nesse semestre. Uma experiência de vida.

O que era doce acabou depois que a banda passou

Tarcísio Bertim

Chega ao fim mais uma saga Vila Brás. Mais uma equipe de aspirantes a jornalistas e fotojornalistas se despede na terceira edição que lhe cabe do jornal Enfoque. Esta experiência, já foi dita e virou jargão, é única para os estudantes. O fato é que algumas verdades, como essa, não podem ser negadas. Semestre que vem chega outra turma, novos estudantes, novas idéias, novas notícias e histórias serão contadas. A Vila Brás continuará a mesma. Mudando. Os moradores, como de costume, continuarão vivendo suas vidas e esperando enfoque.

A banda passou e tudo ficou mais triste; mas, ao contrário da canção, quem entristeceu foi a banda e não as pessoas que a viram passar. Assim nos despedimos da Brás com a certeza de que recebemos muito mais do que doamos naquele lugar de gente simples e cativante.

Semestre que vem, outra turma estará em nosso lugar. A Vila Brás continuará a mesma. Mudando. Mudando os semi-jornalistas que passam por lá.

Sonhos em pauta

Ellen Mattiello

Sonhos, cores, sentimentos e nostalgia. Palavras simples que definem a terceira visita à Brás. Em parceria com os colegas Simone Nuñez Reis e Harrison Andrade, foi realizado um trabalho muito especial com algumas crianças da Vila.

Convidamos um menino e quatro meninas para desenhar seus sonhos. A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Goulart cedeu uma sala para realizarmos a atividade. Disponibilizamos folhas, canetinhas, giz de cera, lápis e réguas para os pequenos. Em meio a desejos materiais, como bicicletas, motos e casas de dois andares, uma menina tímida sonhava em rever o pai, que mora longe. Um mix de emoções e criatividade tornou mais agradável aquele sábado de tempo nublado.

No decorrer da manhã, lembramos dos nossos anseios e da nossa inocência nessa idade. Os trabalhos ficaram lindos. O brilho nos olhos das crianças é algo inesquecível. Para nós, além do sentimento de dever cumprido, percebemos o quão importante são os sonhos para a sobrevivência humana, principalmente na infância. O ato de sonhar, de almejar, de querer muito algo traz sensações agradáveis e faz com que a esperança se mantenha sempre viva. Agora, só resta torcer para que os sonhos dessas e de todas as crianças da Vila se realizem.

Até logo

Rafaela Kley

No caminho para a Vila Brás, eu, Lilian Stein e Daniela Fanti começamos a pensar o que poderíamos fazer de diferente nesta edição do Enfoque, afinal, a proposta era que nós fossemos pautadas por pessoas da comunidade. E porque não trabalhar com crianças? Fazer com que elas pensassem nas pautas, apurassem os fatos e redigissem a matéria? Uma proposta muito arriscada, mas que poderia dar certo.

Passamos a caminhar pelas ruas da Vila Brás à procura de crianças que pudessem participar deste desafio. Eu, sinceramente, pouco acreditava que daquele grupo de seis crianças selecionadas poderia ser encontrado um potencial, uma surpresa. Quando não acreditamos no sucesso de algo ou podemos confirmar nossas expectativas, ou podemos nos encanta, certo? Certo. E eu me encantei.

Em nossa reunião de pauta não foi preciso suplicar para as crianças que elas falassem o que gostariam de ler no Enfoque Vila Brás, dificuldade que eu encontrei nas outras visitas quando perguntava para as pessoas da comunidade que não sabiam responder o que elas achavam que poderia virar matéria. Em poucos segundos a pequena e surpreendente Nathália Luana de Souza Lopes sugeriu: “A gente podia fazer uma matéria sobre as pichações na escola”. Uma bela pauta. Juntamente com a coleguinha Miriam da Conceição Novaes, Nathália saiu pelo pátio da escola para conversar com a diretora da Escola e outras fontes.

As alunas tiveram a minha ajuda, claro. Conversei com as fontes, dei sugestões de perguntas. A pauta estava apurada. Restava sentar para redigir o texto. Alcancei para as jovens repórteres meu caderno junto com uma caneta. Fui primeiramente retomando com elas tudo de informação que nós tínhamos. E em poucos minutos a caneta estava nas mãos de Nathália que escrevia com uma incrível facilidade as informações. Em poucos momentos eu tive que intervir para ajudar na ortografia de uma palavra, ou então para sugerir uma forma diferente de se expressar.

Foram mais ou menos mil caracteres de matéria que poderá ser prestigiada na próxima edição do Enfoque Vila Brás. Miriam e Nathália, entretanto, não viram sua tarefa terminar no ponto final de seu texto. Este é o encanto da infância. As crianças possuem sonhos e querem realizá-los. Não são como nós, “os maiores”, que desistem dos sonhos, na maioria das vezes, quando se percebe que muita coisa vai ter que ser feita. Essas jovens estudantes querem, a partir dessa matéria, instituir na escola uma campanha de conscientização dos alunos para que as pichações deixem de ser uma questão do cotidiano.

Minha primeira visita na Brás foi gratificante, pois fiz uma matéria de serviço, dando voz a muitas pessoas que vivem na escuridão. A segunda matéria foi extremamente inédita para mim e muito divertida, a matéria dos gansos. Agora, fecho com chave de ouro a minha passagem pelo Jornal Enfoque Vila Brás, tendo a certeza do quanto o Jornalismo se encaixa no meu dia a dia. Não vou dizer adeus para a Vila Brás, pois espero que um dia eu volte lá, nem que seja de passagem. Aos alunos de Jornalismo que estão receosos em fazer essa cadeira de Redação Experimental em Jornal só tenho a dizer que a façam, sem medos e sem preconceitos. O que fica são a experiência, a vivência e a saudade. Vila Brás, o meu “até logo”.