sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O importante é que em La Brás eu vivi!

Simone Núñez Reis

Para a psicanalista Melanie Klein, todos somos mediados por fantasias inconscientes originárias dos objetos internos (sonhos, desejos, lúdico) produzidos na infância, fase importantíssima durante a qual elaboramos nossa “Phantasis”.

Pautada pela ótica Kleiniana na terceira visita a “La Brás”, senti necessidade de realizar um projeto voltado para crianças e convidei a colega Ellen Matiello para organizarmos uma mini-oficina de desenho e pintura com alguns pimpolhos da comunidade.

Na mesma noite conversamos com Mestre Veras e Nikão que nos incentivaram, a partir daí compramos materiais (lápis, folhas, giz de cera, réguas e hidrocores) mas antes tentamos realizar parceria com a Livraria Cultural.

No sábado na Unisinos, contactamos com o colega fotógrafo Harrison, que aceitou nos acompanhar. Chegando na comunidade, o trio partiu disposto a concretizar a tarefa com os pequeninos.

O Harrison é publicitário, pós- graduado e professor de Cultura e Vídeo no Projovem e a Ellen Matiello trabalha na Agexcom e é editora do Enfoquinho.

Num primeiro momento, procuramos espaço na Associação de Moradores para contatar com as crianças que transitavam pela Avenida Leopoldo Wasun.

Acabamos indo parar na escola, onde havia uma mega comemoração onde fomos hiper bem recebidos pela Teresinha (psicopedagoga) e Gardênia (diretora) que nos cederam sala e mobiliário para a realizarmos a atividade.

Convidamos cinco crianças, que aceitaram participar e a diretora permitiu que publicássemos seus trabalhos, assim como fotografássemos as crianças desenhando e pintando.

Durante a tarefa, a escuta de relatos tristes e pesados vindos dos pequenos universos em nossa frente.

Me despedi sensibilizada, num misto de impotência e indignação ao saber que algumas das carinhas fofas, sofrem maus tratos e outras vicissitudes.

Não esquecerei dos ruídos das folhas brancas e do ziguezaguear dos gizes de cera que foram enchendo de tons os nossos olhares.

Naquele sábado entrei fúscia e saí grafite de La Brás” com a alma cantarolando: “Se chorei ou se sorri, o importante é que em La Brás eu vivi!”

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