sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que se encontra no esconde-esconde?

André Ávila

O último sábado na Vila Brás começou lento. Alguns colegas – e eu me incluo nesse grupo – acreditavam que seria tranqüilo, último sábado do semestre em que temos que acordar cedo para uma aula e buscar uma boa pauta – e inédita – para o Enfoque’. Mas parecia que todos estavam amarrados, ainda dormindo. Já não posso falar pelos meus colegas, mas eu estava completamente lento e sem muita perspectiva de uma boa pauta. Com o colega Eduardo Herrmann caminhei muito até olhar para o relógio e concordarmos que faltava pouco para voltar ao ônibus, e ainda não tínhamos nada.

Fizemos uma última caminhada até o loteamento Padre Orestes. Admito que eu não tinha muitas esperanças de encontrar uma boa pauta jornalística. Para seguir este relato é necessário situar Herrmann na última caminhada. Nas outras duas edições do Enfoque, Eduardo desenhou o Enfoquinho, destinado ao público infantil da vila. Pinte aqui, encontre os 7 erros ali, etc. Enquanto eu pensava que não encontraríamos pauta nenhuma, Herrmann buscava elogios das crianças sobre os seus desenhos. Indiscriminadamente perguntava à crianças de 12, 10, 6 anos ou 6 meses se elas gostavam dos desenhos – e distribuía todos exemplares que tinha embaixo dos braços.

Pois bem, entrando no loteamento encontramos 6 jovens entre 10 e 14 anos. Como era de se imaginar, Herrmann já foi dizendo “vocês gostam de encontrar os 7 erros? Gostam deste desenho?”. Os adolescentes eram, além de simpáticos, muito rápidos nas piadas e respostas para as perguntas que fazíamos. Entre várias risadas Herrmann pergunta “E vocês? Do que brincam aqui na vila?”. Eu esperava ouvir que jogavam bola na rua, ou que andavam de bicicleta. Mas eles têm mais imaginação do que eu. “Brincamos de esconder aqui, nessas casas”. Imediatamente lembrei que eu brincava de esconder na garagem no meu prédio e minha única preocupação era estar bem alinhado atrás de um pneu, pra que meus tênis não denunciassem que eu estava em uma das poucas vagas do estacionamento.

Mais do que prontamente começaram a correr para mostrar como era a brincadeira. E, se não parecesse ridículo um cara de 25 anos brincar com eles, acho que meu colega Herrmann teria voltado pro ônibus sem me encontrar.

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